Folha de S. Paulo


Caixa reúne seis revistas que marcaram o Modernismo Brasileiro

A edição fac-similar integral de seis revistas do modernismo brasileiro é uma viagem aos anos 1920 a bordo do que a imprensa literária de vanguarda tinha de melhor —e de pior também. As revistas —"Klaxon", "Estética", "A Revista", "Terra Roxa e Outras Terras", "Verde" e "Revista de Antropologia"— integram a Biblioteca Brasiliana legada por José Mindlin.

Precedidas por ensaios que contextualizam as publicações, as coletâneas reunidas em uma única caixa são editadas com esmero.

O que as revistas tinham de pior era a crítica condescendente, por parte dos autores mais proeminentes, a qualquer poeta que se arriscasse nos versos livres do modernismo.

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"Deparamo-nos com o recuo da apreciação crítica, que dá lugar ao afago originário de uma espécie de autoridade paterna", diz Eucanaã Ferraz a propósito de um texto na "Klaxon".

Nas resenhas, a voz coletiva se sobrepunha à individual. Eram órgãos coletivos em que cada autor devia "compor com o coro", como afirmam na apresentação Pedro Puntoni e Samuel Titan Jr., da USP.

As figuras onipresentes são, sem surpresa, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Mas todos os outros grandes nomes do modernismo ocupam as páginas das revistas com poemas que, mais tarde incluídos em livros, entrariam para o cânone da poesia brasileira —e é isso o que as publicações têm de melhor.

Outro destaque são os manifestos. Nas páginas de "A Revista", Manuel Bandeira escreveu: "Estou farto do lirismo comedido". No primeiro número da "Revista de Antropofagia", Oswald publicou o seu "Manifesto Antropófago", que procurou orientar o Carnaval modernista.

REVISTAS DO MODERNISMO (1922-1929)
ORGANIZAÇÃO: Pedro Puntoni e Samuel Titan Jr.
EDITORA: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
QUANTO: R$ 250 (1.182 págs.)
AVALIAÇÃO: ótimo


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