BAZAR PARANÁ
Luis S. Krausz venceu o Prêmio Benvirá com seu romance de estreia, "Deserto", em 2013. Pela mesma editora, lança agora esta história de imigrantes alemães reagrupados no interior do Paraná, na colônia agrícola de Rolândia, formada principalmente por judeus fugidos do nazismo alemão antes da Segunda Guerra.
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Nos anos 1970, os habitantes dessa colônia têm a dupla tarefa de manter viva a cultura alemã (colecionando objetos e imagens de um passado conservado como um museu) e seguir a tradição judaica nos trópicos, como se esperassem ouvir o som, nas florestas do Paraná, daquele mesmo rouxinol que, como no poema de Keats, cantou para a moabita Rute nos campos de Israel.
Com uma prosa detalhista, tranquila e caudalosa, acompanhamos o olhar do jovem narrador que explora com riqueza as nuances de um povo desterrado, que se aferra às histórias dos sobreviventes do Holocausto e faz da palavra uma habitação. (Roberto Taddei)
Bazar Paraná 
QUANTO: R$ 34,90 (288 PÁGS.) E R$ 18,90 (E-BOOK)
AUTOR: LUIS S. KRAUSZ
EDITORA: BENVIRÁ
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CONFISSÕES DE UM HOMEM LIVRE
O novo livro de Luiz Alberto Mendes pode ser lido como biografia romanceada e fecha trilogia iniciada com "Memórias de um Sobrevivente", que teve continuação com "Às Cegas". Aqui, o autor narra a experiência contraditória do regime semiaberto: estar preso e poder, de tempos em tempos, viver a liberdade, para então, "com as próprias pernas", ter de voltar para o inferno do cárcere.
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A habilidade narrativa de Mendes insere o leitor imediatamente no desenvolvimento da ação e faz a experiência da leitura se aproximar do ritmo ora eufórico, ora melancólico, de um homem marcado desde cedo pela experiência da detenção.
A vivência íntima, seus desejos, pensamentos e sonhos, é a matéria primordial dessa escrita vital. Vida e literatura se confundem de tal maneira nos relatos de Mendes que a própria escrita do autor — acelerada e onívora – aponta para uma avidez da experiência, como se a passagem pelo tempo morto da prisão tornasse tudo o mais repleto de intensidade. (BRUNO ZENI)
Confissões de um Homem Livre 
QUANTO: R$ 54,90 (440 PÁGS.)
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
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O REGRESSO
"O Regresso: A Última Viagem de Rimbaud", da carioca Lúcia Bettencourt, é uma espécie de biografia romanceada dos últimos dias de vida do poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1881). Talvez a definição seja um pouco esquemática e não dê conta da construção romanesca que cruza duas vozes ao longo do livro: a do próprio poeta, relatando seu regresso à França, de onde partiu aos 21 anos de idade, e depois de sua passagem na África, como comerciante de armas; e a de um narrador que retorna no tempo para falar do jovem Rimbaud, quando ele viveu sua tumultuada relação com o poeta simbolista Paul Verlaine e mudou a história da poesia com poemas explosivos como "Um Estadia no Inferno".
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O romance também aproxima desse universo o retorno de Ulisses a Ítaca. Com bastante liberdade, a escritora apresenta um Rimbaud, que teve juventude de andarilho, preso a uma cama, com a piora do tumor em seu joelho, vivendo solitariamente seus últimos dias de vida. É um livro com belos e sensíveis momentos na busca de retratar as angústias do poeta. (HEITOR FERRAZ MELLO)
O Regresso
QUANTO: R$ 29,50 (192 PÁGS.) E R$ 19 (E-BOOK)
AUTOR: LÚCIA BETTENCOURT
EDITORA: ROCCO
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QUE FIM LEVOU JULIANA KLEIN?
Depois do sucesso de estreia com o romance "O Evangelho Segundo Hitler", ganhador dos prêmios Sesc, em 2013, e São Paulo de Literatura, em 2014, na categoria autor estreante, Marcos Peres explora conflitos e disputas familiares nesse segundo livro, "Que Fim Levou Juliana Klein?".
Como o autor, o protagonista Irineu Freitas também é de Maringá, e tem que resolver um caso intrincado em Curitiba, envolvendo duas famílias alemãs, Koch e Klein, que se enfrentam há várias gerações, desde a saída de Frankfurt para o Brasil.
A trama policialesca, que envolve detalhes íntimos da história de cada família, estrutura-se num jogo de tempo, como um quebra-cabeça memorialístico, que pode ser mortal. As pistas e as referências do autor misturam elementos bizarros, do personagem do seriado de televisão Bob Esponja, a citações de Dante, Shakespeare e Nietszche.
O leitor recompõe os fios da meada dessa guerra longeva, subjetiva, por razões frágeis, como um detetive voyeur, quase um diletante. (REYNALDO DAMAZIO)
Que fim levou Juliana Klein?
QUANTO: R$ 40 (352 PÁGS.)
AUTOR: MARCOS PERES
EDITORA: RECORD
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SUPER-HOMEM, NÃO-HOMEM, CAROL E OS INVISÍVEIS
É possível ser super numa época hiper, mas tendo uma autoestima sub? Como abrir um diálogo ao imprevisível, ao fantástico, num cotidiano comezinho? Eis algumas questões do veloz romance de Carlos Eduardo de Magalhães, o CEM ""cavaleiro solitário à frente da pequena, porém destemida, Grua, cujo catálogo elenca novos nomes da literatura brasileira, clássicos e especialidades hispânicas.
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Pequenos, porém destemidos, são também os personagens desta narrativa. Marcos, um arquiteto cuja tediosa vida o faz sentir-se um "não-homem"; seu rival, também Marcos, um ator que crê ter poderes sobrenaturais; a psicóloga Carol, casada com o primeiro e melhor amiga do segundo, o silencioso vértice do livro, que conta ainda com o entrelace das histórias dos Invisíveis ""meninos que abandonam a vida viciada em videogames para roubar fios de cobre no subsolo do Rio de Janeiro. A narrativa no presente, centrada na ação, faz com que as histórias se cruzem com brilho e vivacidade. (ronaldo bressane)
Super-homem, não-homem, Carol e os Invisíveis 
QUANTO: R$ 34,90 (160 PÁGS.)
AUTOR: CARLOS EDUARDO DE MAGALHÃES
EDITORA: GRUA
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O GRIFO DE ABDERA
Mutarelli cria aqui um enredo que parece escapar pelas mãos. Mas, com tantos fios, o romance segue linha reta, descobrindo-se dentro de si mesmo, num jogo que lembra um garoto com seus soldadinhos.
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A comparação vem do próprio romance, ou melhor, da própria memória do narrador Mauro Tule, sujeito tímido, quase evanescente, romancista e roteirista de HQs. E ele está envolvido num jogo, muito mais terrível, de apropriação e desapropriação de identidade. Sabemos que, em seus quadrinhos, ele e seu parceiro, o desenhista Paulo Schiavino, criaram o pseudônimo Lourenço Mutarelli. E, para as fotos de orelha, ele contratou para posar em seu lugar um malandro chantagista, Mundinho, que rodará os festivais literários tomando seu lugar.
A imaginação joga seus dados e ainda por cima coloca em cena uma misteriosa moeda grega do de 411 a.C., o "grifo de Abdera". "Um fato curioso é que não sei dizer qual é a cara ou a coroa dessa moeda", diz o narrador. Essa ambiguidade, de ser e não ser, percorre os acontecimentos do livro, que ainda inclui uma HQ onírica. (HEITOR FERRAZ MELLO)
O Grifo de Abdera
QUANTO: R$ 44,90 (280 PÁGS.)
AUTOR: LOURENÇO MUTARELLI
EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS
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EU, COWBOY
Dentre tantas pragas que acometem a literatura brasileira atual, uma é a do texto que emula más traduções do inglês: insípido, hipercorreto, sem samba no rodapé. Dentro desse panorama, quase sempre os diálogos remetem à oralidade de filme legendado.
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Não é o caso, felizmente, do romance de estreia do poeta Caco Ishak, goiano criado em Belém do Pará e radicado em São Paulo. Em "Eu, Cowboy", não apenas o realismo está sujo, mas a linguagem.
Aqui, pouco importa o que é contado. A ciranda dos capítulos conduz Carlo, 20 e tantos, ex-alguma coisa a caminho de ser outra, em meio ao caos episódico dos efeitos sem causa.
A carência dos que rejeitam a vida a dois, ou o compromisso do afeto. A dissolução familiar e a metamorfose do sexo em amizade. A onipresença da internet conformando a vida da Geração F5 (referência à tecla "atualizar", dos computadores) em mera sucessão de memes.
Tudo isso (ou nada disso) embalado pela dicção antropofágica de Ishak, que permite enfiar "jegue" e "stripper" na mesma frase. Óuauêaíó. (JOCA REINERS TERRON)
Eu, cowboy
QUANTO: R$ 35 (166 PÁGS.)
AUTOR: CACO ISHAK
EDITORA: OITO E MEIO
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A FILHA DOS RIOS
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Exatamente dois anos atrás, o empresário búlgaro Ilko Minev, vivendo há décadas no Brasil, lançou seu primeiro romance amazonense, "Onde Estão as Flores?". Centrado no casal Licco e Berta, o romance narra a dramática imigração dos judeus búlgaros durante a Segunda Guerra Mundial. Marcada pela memória e pela historiografia, a escritura de Minev é transparente e despretensiosa. Seu estilo é mais afetivo que didático ou estético.
O segundo romance traz três personagens do primeiro, mas o rumo agora mudou bastante. A nova protagonista, de quem ficamos conhecendo toda a existência sofrida, é uma cabocla de olhos verdes chamada Maria, "a filha dos rios amazonenses". Povoada de seringueiros, prostitutas e garimpeiros de várias nacionalidades e etnias, o eixo da trama é sem dúvida a miscigenação.
O que o professor Jacques Marcovitch disse sobre o primeiro romance também vale para este: "Leitura recomendável para educadores e jovens empenhados na construção de seu projeto de vida". (NELSON DE OLIVEIRA)
A Filha dos Rios
QUANTO: R$ 43,90 (208 PÁGS.) E R$ 27,99 (E-BOOK)
AUTOR: ILKO MINEV
EDITORA: VIRGILIAE
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OPERAÇÃO IMPENSÁVEL
Uma das certidões de origem do romance diz que o gênero é uma bricolagem de estilos. Por aí segue Vanessa Barbara neste livro: uma mescla de ensaios, resenhas, citações, poemas, fatos e anedotas históricas, e-mails e, por fim, um enredo de traição conjugal que dá sentido ao todo.
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Lia é historiadora e faz mestrado sobre a guerra fria. Por ela, conhecemos os planos britânicos esdrúxulos para acabar com os soviéticos após a Segunda Guerra, entre eles o "Operação Impensável". Tito é programador, adepto da Programação Orientada a Gambiarras (POG), onde "para cada problema resolvido usando POG, mais uns sete são criados".
O casal se dedica a compilar um guia de filmes com comentários espirituosos, a jogar "Twilight Struggle", onde "um dos participantes incorpora a União Soviética e o outro, os Estados Unidos", e a utilizar metáforas da guerra fria e da linguagem de programação. Um romance para um público cujas referências culturais são uma miscelânea de "inputs", nem todos reais, mas, ainda assim, não menos relevantes. (ROBERTO TADDEI)
OPERAÇÃO IMPENSÁVEL
QUANTO: R$ 39,90 (224 PÁGS.) E R$ 19,90 (E-BOOK)
AUTOR: VANESSA BARBARA
EDITORA: INTRÍNSECA
