Folha de S. Paulo


Cheio de efeitos de computador, novo filme do Mogli é fiel ao livro original

Imagine um bebê sozinho na selva. Depois, que ele cresce numa família de lobos, aprende a sobreviver ao lado de uma pantera negra e de um urso e ainda precisa enfrentar um tigre feroz, que é o dono do pedaço e não quer nenhum filhote de homem por perto.

Assim é a história de Mogli, conhecido como o Menino Lobo, cujas aventuras foram criadas pelo escritor Rudyard Kipling (1865-1936) no século 19 (leia abaixo).

Essa história já apareceu em diversos desenhos e também foi interpretada por gente de carne e osso. Na próxima quinta-feira (14), ela retorna ao cinema em uma produção da Disney que mistura atores e muitos efeitos desenvolvidos por computador.

A tecnologia torna mais fácil mostrar Neel Sethi, ator de 12 anos que interpreta Mogli, em cima da pança de um urso, enroscado em uma cobra gigante ou enfrentando um tigre cheio de dentes e garras.

No entanto, "Mogli - O Menino Lobo" não é desses filmes com efeitos que fazem a gente nem prestar atenção na história. As aventuras são uma mistura de ação e aprendizado.

O menino descobre os riscos da selva e também aprende a amar e a respeitar a natureza e os bichos.

A palavra "lei" aparece muitas vezes no livro e no novo filme. Sem ela não é possível viver em comunidade, seja com homens, seja com os animais.

O garoto cresce na selva, mas não se torna bárbaro, pois compreende que a lei é que faz todos serem iguais. "Mogli - O Menino Lobo" é cheio de ação, de sustos, fazendo a gente torcer pelo herói e ainda dar risadas. É o que muitos filmes querem, mas poucos conseguem.

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AUTOR

O escritor Rudyard Kipling, criador de Mogli, nasceu na Índia em 1865, época em que esse país asiático era uma das joias do império britânico, que tinha colônias em todos os continentes.

Quando criança, seus pais o mandaram estudar na Inglaterra. Enquanto trabalhava como jornalista, viajou muito e começou a escrever histórias. Foi em seus contos e poemas em que apareceu seu personagem mais famoso: Mogli.

O menino que foi perdido na selva e criado por lobos inspirou filmes e desenhos (veja abaixo).

Kipling recebeu o Nobel de Literatura em 1907, o maior prêmio dado a um escritor, "pela poderosa capacidade de observação e imaginação". Tanto que não parou mais de escrever –pelo menos até 1936, quando ele morreu, aos 70 anos.

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LINHA DO TEMPO
Como Mogli mudou ao longo dos anos

1894 - 'Livros da Selva'
Reúnem histórias do autor Rudyard Kipling. Oito delas são dedicadas a Mowgli (o nome original), um bebê encontrado por uma família de lobos e que cresce entre as feras.

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1942 - Estreia no cinema
Primeira adaptação para o cinema, "Mowgli - O Menino Lobo" foi feito com atores reais. Cuidado pelos animais, o personagem descobre que alguns humanos são mais perigosos. O ator indiano Sabu tinha 17 anos quando estrelou o longa.

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1967 - Versão da Disney
O desenho "Mogli - O Menino Lobo" é uma das versões mais lembradas atualmente. Mostra o garoto ao lado da pantera Bagheera e do urso Baloo. É cheio de cenas em que os bichos cantam e dançam –por isso parece mais um musical que um filme de aventura.

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1973 - Mogli soviético
Recriação das histórias feita na Rússia, "Maugli" é bem fiel aos livros originais. A técnica bem diferente revela como a mesma história pode ser imaginada de várias maneiras.

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1994 - Mais um filme
No longa da Disney "O Livro da Selva", Mogli vira um rapaz apaixonado pela filha de um militar inglês. O filme faz o lado fascinante da fábula infantil desaparecer.

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2003 - Mogli 2
É quase uma refilmagem da animação de 1967, mas com técnicas mais avançadas. O menino retorna à selva e reencontra os bichos da primeira animação.

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2016 - Computação
A nova produção da Disney, "Mogli - O Menino Lobo", mistura atores e efeitos de computação. Pela primeira vez, faz uma adaptação completa das histórias originais.


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