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Novo buscador bloqueia conteúdos impróprios para crianças; veja teste

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Kiddle, buscador lançado na última terça-feira (1), bloqueia conteúdo considerado impróprio
Kiddle, buscador lançado na última terça-feira (1), bloqueia conteúdo considerado impróprio

Um novo buscador chamado Kiddle.co foi lançado na última terça-feira (1º), com a proposta de ser uma espécie de "Google infantil".

O site promete impedir que conteúdo considerado impróprio chegue às crianças, por meio da tecnologia do Google SafeSearch e de filtros manuais dos editores.

O SafeSearch (pesquisa segura, em inglês) é uma ferramenta do Google que ajuda a impedir que conteúdos considerados inadequados apareçam nos resultados, o que pode ser habilitado a qualquer momento no navegador ou no celular. A diferença é que, no Kiddle, a opção já vem automaticamente ativada.

O próprio Google admite em seu site que o SafeSearch "não é 100% preciso, mas ajuda a evitar a maior parte do conteúdo adulto". Para combater essa brecha, o Kiddle afirma que seus editores também ajudam a filtrar os resultados manualmente.

Apesar de usar tecnologia do Google, o Kiddle nada tem a ver com a gigante norte-americana. O site não esclarece a autoria do projeto.

A ordem dos resultados varia de acordo com a relevância do conteúdo para as crianças. Assim, sites infantis são mostrados logo no topo e em seguida vêm páginas que, embora não sejam necessariamente infantis, são confiáveis e com linguagem acessível. Por último, aparecem sites tradicionalmente adultos, que não têm conteúdo impróprio, mas são escritos em linguagem um pouco mais difícil.

Outra diferença é a proposta de uma interface mais amigável. Além do modelo colorido, muitos resultados aparecem com imagens em miniatura ao lado do texto, ajudando a visualização. O tamanho da letra também é maior do que em buscadores comuns.

ERROS

Até agora, os resultados do Kiddle aparecem majoritariamente em inglês. Nos testes feitos pela Folha, poucas vezes páginas brasileiras foram encontradas, ainda que a busca fosse feita em português.

Se um usuário pesquisar a palavra "futebol", por exemplo, verá textos em inglês sobre o Museu do Futebol, em São Paulo, ou sobre o estádio do Mineirão, em Minas Gerais. Enquanto isso, "amor" traz alguns resultados em espanhol.

O filtro para conteúdo inapropriado também não funciona sempre. Conforme já havia sido indicado pelo The Mirror, aparecem na busca alguns resultados inadequados relacionados às irmãs Kardashian.

Por outro lado, o site bloqueia palavras como "nudes" ou "drugs" (drogas, em inglês). O filtro pega até mesmo termos aparentemente inocentes, como a busca pela atriz norte-americana Pamela Anderson.

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Kiddle bloqueou a busca pela atriz norte-americana Pamela Anderson, da série Baywatch
Kiddle bloqueou a busca pela atriz norte-americana Pamela Anderson, da série Baywatch

Em teste feito na última semana pela BBC, termos relacionados à comunidade LGBTI também eram bloqueados. Mas nesta segunda-feira (7), a busca por palavras como "gay", "lésbica" e "bissexual" funcionou e mostrou conteúdos educativos.

Um exemplo foi uma matéria do site Kids Health : o texto intitulado "É ok dizer 'isso é tão gay'?" traz às crianças, em linguagem acessível, uma discussão sobre o uso da expressão "gay" (que é, muitas vezes, dita de forma preconceituosa).

Na busca pela palavra "Facebook", aparece uma lista de games para crianças e também conteúdo para os pais, como uma matéria do Common Sense Media sobre a preocupação dos familiares com o uso das redes sociais. Mas não há um link direto para o Facebook, como acontece no Google. Os termos de uso da rede social impedem que menores de 13 anos criem contas.

No site, o Kiddle também disponibiliza um formulário para que os pais enviem sugestões de palavras e sites a serem analisados e possivelmente bloqueados.


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