Folha de S. Paulo


Compositor de clássicos da TV Cultura lança DVD e conta como cria músicas

"Tchau preguiça / Tchau sujeira / Adeus cheirinho de suor / Oh! Lava, lava, lava, lava, lava, lava."

Essa letra parece familiar? A canção "Banho é Bom", eternizada pelo ratinho do "Castelo Rá-Tim-Bum", é uma das composições do cantor Hélio Ziskind. Responsável pela trilha sonora de diferentes programas da TV Cultura nos anos 1990, Hélio está lançando mais um DVD.

Adaptado para as telas de tablets e disponível para compra no aplicativo Playkids, o trabalho "Zis Canções Animadas" busca levar os sucessos de gerações passadas para crianças nascidas na era digital.

No projeto, algumas das músicas de Hélio foram regravadas –como "Chuva, Chuvisco, Chuvarada", "Tu tu tu Tupi" e "Vitamina Tutti-Frutti" –, e o som é acompanhado por animações que conversam com a letra de cada canção.

"É um jeito diferente de chegar às crianças. Elas agora estão no iPad", diz Hélio. Ele ressalta que a proposta é que os desenhos sejam conectados às letras. "Quis criar um mundo visual bom para mim e bom para as músicas, em que os personagens não fossem apenas decorativos, mas que entrassem mesmo na música."

Autor de tradicionais canções infantis, como as aberturas dos programas "Cocoricó" e "Castelo Rá-Tim-Bum" (quem nunca ouviu o trecho "Bum bum bum, Castelo Rá-Tim-Bum"?), Ziskind foi consultor musical da TV Cultura entre 1992 e 1994. Com a reprodução dos programas ainda hoje, muitos de seus trabalhos atravessaram gerações.

"Já tem avô comprando os discos para os netos. É um elo entre os dois mundos", diz. "Eu não previa essa continuidade, mas achei muito legal ter acontecido."

MÚSICA PARA CRIANÇAS

Ziskind conta que começou a ter contato com música infantil ainda na faculdade, na década de 1970, e que a TV Cultura intensificou sua afinidade com esse público.

Para ele, um dos aspectos mais desafiadores nas canções infantis é a escolha de temas. "É mais difícil buscar assuntos que possam interessar às crianças", diz.

Hélio aponta que temas como amor e sofrimento, bastante abordados nas músicas para adultos, são deixados um pouco de lado nas composições infantis. Em suas canções, Hélio conta que sempre tenta buscar um "núcleo afetivo", que façam as crianças se identificarem e criarem um vínculo com as letras.

No caso de "O Banho é Bom", por exemplo, o compositor explica que o tema central era o agradecimento ao corpo durante o banho. Enquanto isso, a canção "Chuva, Chuvisco, Chuvarada" fala sobre o que fazer num dia de chuva.

"É esse pontinho em que a gente vai enganchar e trabalhar o resto da letra", afirma.

Contudo, para o compositor, as canções infantis não devem ser vazias de significado, nem tampouco puramente educativas. Ele afirma que não se deve subestimar a capacidade de percepção das crianças.

"A música é como o mar, tem criança que nada no fundo, tem adulto que nada no raso. Eu sou um cara que pego as crianças pela mão e levo lá para o fundo", diz.


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