Folha de S. Paulo


Menina de 7 anos conta como criou loja virtual para vender seus desenhos

A rotina de Renata Barrios é a mesma de qualquer criança de sete anos, a não ser por um detalhe. Todos os dias, a menina abre o programa Google Analytics no computador para checar quantas visitas seu site teve.

Em outubro de 2014, depois de muita insistência, a garota conseguiu que sua mãe criasse uma página na internet para mostrar seus desenhos para o mundo.

"Cinco vizualizações por dia está bom?", pergunta seu pai. Ela balança a cabeça de um lado para o outro em sinal negativo. "Quantas você quer?". "Mil ao mesmo tempo", responde ela.

O site de Renata já recebeu quase 12 mil visitas desde que foi colocado no ar. A um preço simbólico de R$ 2, ela vendeu cerca de 170 ilustrações até agora.

O processo é assim: a garota faz o desenho, dita uma pequena descrição para sua mãe publicar na página e indica em que categoria ele deve ser colocado –emoções, músicas, tirinhas etc. Então, as ilustrações são enviadas por email.

A inspiração fica por conta dos vídeos que a menina vê na internet e dos desenhos a que assiste. "Fico contente quando alguém do Japão entra na página, por exemplo, porque tem um joguinho japonês que eu adoro."

Mas o site mostra só um pedacinho de sua produção. Ela passa o dia todo desenhando, e sua matéria preferida na escola é, claro, artes. "Prefiro desenhar do que falar", explica.

SÓ PARA GENTE GRANDE

Mesmo sendo criança, Renata não se assusta com assuntos de gente grande. No início do mês, saiu da cidade onde mora, São Caetano do Sul (Grande São Paulo), para participar de uma conferência de comércio eletrônico em São Paulo.

Pouco antes de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso palestrar, ela apresentou seu site para cerca de 5.000 executivos. Na saída, entregou um desenho que fez especialmente para o político. "Ele riu e falou que não era tão gordo assim."

Também como gente grande, a menina já pensa no futuro. Com o dinheiro que juntar na venda das ilustrações, quer comprar bichinhos de pelúcia. Seus outros dois sonhos são se tornar desenhista e fazer com que alguns dos personagens de que gosta existam de verdade.

Ao final da entrevista, aproveitou a distração de sua mãe para pedir, mais uma vez, a última das oito balas que comeu. "Só mais uma, por favor?".

Colaborou JÚLIA BARBON


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