Brincar de pega-pega na floresta, balançar no cipó, nadar e pescar na barragem. Ouvir o pajé contar os segredos da mata fumando o seu cachimbo. Aprender a falar português só aos cinco anos de idade.
Essa é a vida de Maitê Ará, que vai completar seis anos em abril. Ela é uma criança guarani vive na aldeia Krukutu, no bairro de Parelheiros, em São Paulo –uma comunidade indígena bem próxima ao mundo urbano.
| Joaquim Almeida/Folhapress | ||
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| A menina indígena Maitê Ará na aldeia onde mora, no bairro de Parelheiros |
A novidade na rotina da menina é a escola, onde ela está aprendendo a ler e a escrever em guarani e português. Maitê adora também desenhar, cantar na casa de reza, na escola e no centro cultural para as crianças da cidade que visitam a aldeia.
Mas ela não se interessa por bolas ou bonecas, principalmente se forem de plástico, preferindo brincar com os animais esculpidos em madeira por sua avó, Maria Kexeru. Aliás, sua avó lhe conta muitas histórias de sua tradição, não só de noite, para ajudá-la a adormecer, mas também quando caminham juntas pela mata.
ENTRE OS BICHOS
Cuidar das galinhas e cachorros não é brincadeira, mas Maitê acha divertido também. Quando era menor, subia no galho mais alto das árvores para ficar perto do tucano que vivia na mata ao lado de sua casa. Ambos fizeram amizade e era comum vê-la com o pássaro no ombro.
Quando anoitece, Maitê gosta de brincar com os joguinhos do celular de seu avô, o escritor indígena Olivio Jekupé, ou assistir a filmes no computador. Sua série preferida é "Dora, a Aventureira".
Ela tem grande curiosidade por filmes sobre animais. Ultimamente, interessou-se por extraterrestres, não perde um filme de aventuras espaciais e se diverte ao desenhá-los.
Maitê raramente vai à cidade, mas já foi ao zoológico. Gostou de ver o leão, a girafa e outros tucanos que não eram o seu.
HELOISA PRIETO é autora de livros infantojuvenis