Carolina Monteiro, 8, já perdeu as contas de quantas vezes ouviu comentários do tipo "por que o seu cabelo é duro?" ou "por que você não faz chapinha?".
A mineira estuda em uma escola pública na cidade de Divinópolis, a pouco mais de 100 km de Belo Horizonte, e é uma das duas únicas crianças negras da sala.
Há um ano, a menina começou a fazer sucesso na internet depois que postou um vídeo em que incentiva crianças a defenderem seus cabelos "black".
"Alguns meninos ficavam falando que meu cabelo era ruim e eu contei para a minha mãe, daí ela deu a ideia de fazer o vídeo", conta. "Todo mundo compartilhou, mandou mensagem, curtiu. Depois disso, muitos pararam de falar do meu cabelo."
O canal de Carolina no Youtube, com sete vídeos, já teve quase 204 mil visualizações. Além dos três vídeos em que conta suas experiências, a página tem relatos e recados de outras crianças que apoiaram a iniciativa.
"Tenho um pouco de vergonha de gravar os vídeos, às vezes peço para a minha mãe sair da sala", confessa.
A garota já foi entrevistada por rádios, jornais e programas de televisão de São Paulo, Rio, Bahia e outras cidades do Brasil.
MUDANÇA LENTA
"Estudei na mesma escola que ela, há 30 anos, e sofria as mesmas coisas. Mas não tinha um preparo para me defender", diz a mãe de Carolina, Patricia. Foi por isso que a cabeleireira decidiu trabalhar a autoestima com a filha desde cedo.
Nos vídeos, a garota recomenda livros infantis com protagonistas negros. "O que mais gosto é 'O Menino Marrom', que fala sobre um menino muito bonito", conta ela.
"Nós não somos representados em livros, novelas ou desenhos, então sempre comprei para ela obras desse tipo. Acho que isso empodera", afirma a mãe, que administra a página da filha no Youtube e no Facebook.
"Eu gosto do meu cabelo assim", diz Carolina, "só preciso secar com a toalha".
Colaborou JÚLIA BARBON
| Reprodução/Facebook/Carolina Monteiro | ||
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| A mineira Carolina Monteiro, 8, que tem um canal no Youtube onde fala sobre autoestima |