Quando uma história se inicia com palavras como "no começo" ou "no princípio", muita gente logo pensa nas narrativas da criação, ou seja, nas histórias que contam como o mundo surgiu e ficou do jeito que é hoje.
"As Garras do Leopardo", escrito pelo nigeriano Chinua Achebe, é um exemplo –mas não pense que as coisas que ele tem a dizer valem apenas para o passado.
Como acontece em outras histórias sobre o princípio do mundo, nesta aqui os bichos agem como gente: fazem plantações, moram em vilarejos e constroem casas. Têm até um rei, que não é o leão, mas o leopardo.
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Ilustação do livro "As Garras do Leopardo" |
Só que, na época em que se passa a história, esse felino não tinha dentes nem garras afiadas –nenhum bicho tinha de matar e comer outros para sobreviver.
A trama fica interessantíssima (e muito sombria) quando o único animal dotado de "armas" naturais, os tais dentes e garras, resolve desafiar o leopardo e desfazer a harmonia que reinava entre os bichos.
Não conto o que acontece depois para não estragar a surpresa, mas é difícil não ver a semelhança entre o desfecho e o que acontece em outras histórias da criação nas quais o mundo, originalmente um lugar de paz, é tomado pela violência.
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O importante desse tipo de história, mais do que imaginar o passado, é apontar jeitos de consertar o futuro.
"AS GARRAS DO LEOPARDO"
AUTORES Chinua Achebe e John Iroaganachi (tradução Érico Assis)
EDITORA Companhia das Letrinhas
PREÇO R$ 33
INDICAÇÃO a partir de 7 anos