Folha de S. Paulo


Copa de 1982: 'Chorei escondido, desesperadamente'

Em 1982, aos 9 anos, nunca tinha ido ao cinema, nem era de ler gibis. Até por isso meus heróis eram os jogadores da seleção. Idolatrava o supertime com Zico, Sócrates, Éder e Falcão. Parecia que todo gol era uma obra de arte (menos os do Serginho) e tinha até assinatura na TV com o "Brasil-sil-sil". Não temia argentinos, alemães ou marcianos.

Contra a Itália, um empate nos levaria à semifinal. Mas o time só jogava para ganhar. Paolo Rossi fez um gol, Sócrates empatou. Rossi fez outro, Falcão empatou (em comemoração histórica que não se compara à de David Luiz). Mas Rossi fez de novo, e o juiz apitou o final. Chorei desesperadamente e meio escondido. E odiei Paolo Rossi durante anos. Homem sem coração.

Dias depois, ouvi no "Jornal Nacional": "E o Brasil está na final da Copa". Fiz as contas na minha tabela, como no futebol de botão, e achei que fazia sentido. O Brasil tinha o melhor ataque. Viram o mesmo que eu e o colocaram na final. Não. No fim do "JN", veio a notícia: "O Brasil está na final, o árbitro será Arnaldo César Coelho". Chorei de novo. Ah, mas no ano seguinte fui ao cinema pela primeira vez. Não virei jogador, mas virei cinéfilo.

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1982
ITÁLIA 3x2 BRASIL

Em 1982, vitória valia 2 pontos, empate, 1. A Itália se classificou para a 2ª fase sem ganhar. Paolo Rossi não tinha gol na Copa, mas após os 3 contra o Brasil, fez 2 na semi e o primeiro nos 3 a 1 da final, em que a Itália venceu a Alemanha.

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