"Fazer esse filme era como estar em um jogo, em que iam aparecendo diversos elementos, e a gente tinha que conectá-los", conta Alê Abreu, que passou quatro anos desenhando e animando "O Menino e o Mundo", quadro a quadro.
Um velho, um rapaz, bolinhas coloridas e uma semente que surgiam nos desenhos eram como pistas ou peças do jogo. E o que isso tudo significava?
Editoria de Arte/Folhapress |
Para fazer um filme, geralmente o diretor chama primeiro um roteirista para bolar a história e os personagens. Mas foi diferente com "O Menino e o Mundo", criado num processo que pode ser chamado de experimental e intuitivo.
Brotou de uma história desenhada -e não escrita e roteirizada.
"Nesse filme, a força da imagem está em não termos seguido um texto, ele nasceu de uma construção como a pintura e a música", diz o diretor.
Enquanto o menino ganha o mundo, o animador já começa a ouvir o chamado de outra história. Diz que tem uma pasta com desenhos do próximo filme. "Não sei ainda qual história será, mas já fecho os olhos e me transporto para esse lugar."
Para Alê Abreu, desenhar é como falar uma língua. Ele não se lembra quando soltou as primeiras "palavras". "Desenho desde sempre."
É o desenho que traz recordações da mãe, que perdeu precocemente, aos cinco anos de idade. "Tenho 13 lembranças da minha mãe, e uma delas é de quando me ensinou a misturar as cores." Para o menino, pareceu mágica pura.
Ao ficar órfão, morou por um tempo na casa da avó. Da época, recorda-se de esperar ansiosamente pelos papéis que embrulhavam a carne, para desenhar enquanto a avó preparava o jantar.