Folha de S. Paulo


Palhaços tem de fazer rimas com sugestões de crianças da plateia em espetáculo

A rainha está triste, aos prantos. Acabaram com todo o seu reino, até o rei se foi, ficou apenas um fiel peão. Como mudar o jogo?

Na peça "A Rainha Procura...", da Cia. do Quintal, conhecida pelo espetáculo "Jogando no Quintal", o jogo é do improviso.

Divulgação
Personagens de
Personagens de "A Rainha Procura...", que faz referências ao jogo de xadrez

Dois palhaços, Fritz (Dênis Goyos) e Olímpio (Claudio Thebas), candidatam-se às vagas. Mas eles não querem ser torre nem bispo, entre outras peças do tabuleiro. Querem é ser bobos da corte.

Interpretada pela atriz Rhena de Faria, a rainha emburrada e caprichosa faz uma audição (espécie de teste) para ver quem conseguirá deixá-la feliz --e será o tal bobo do reino. Quem perder o jogo vai também perder a cabeça.

Craque no improviso, a trupe arranca gargalhadas da plateia, que vira o "povo" do reino-tabuleiro. É o "povo" quem dá os elementos do improviso.

Logo no começo, a rainha pergunta o que faz o povo ficar triste. A plateia diz coisas como "choro de filho" ou "gatinho que não toma leitinho".

A rainha e seu súdito, que é chamado de Hebert, Harold e Ronald (qual é o verdadeiro nome dele?), têm então a missão de encaixar essas palavras numa música. E tudo com rima.

"Aprendemos muito sobre improviso com as crianças, que têm a espontaneidade e a criatividade que os adultos perderam", conta o palhaço e diretor Cesar Gouvêa, que também dirigiu "O Mágico de Nós".

APLAUSOS DO POVO

Cesar Gouvêa, que faz o palhaço Cizar Parker e dirige o espetáculo, diz que o segredo do improviso é assumir riscos.

Em uma apresentação, quando a rainha perguntou ao "povo" "O que te faz triste?", recebeu uma resposta desconcertante de uma menina: "Ser abandonada pela mãe".

A rainha não conseguiu fazer a rima e passou para o peão, que assumiu ser impossível e foi aplaudido pela plateia, "o povo". "Aí o erro não existe, vira acerto. A vida é um pouco assim."

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PARA CONFERIR

"A RAINHA PROCURA..."
QUANDO sáb. e dom., às 15h, até 1º/9
ONDE Teatro Eva Herz (av. Paulista, 2.073, Livraria Cultura do Conjunto Nacional; tel. 0/xx/11/3170-4059)
QUANTO R$ 20


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