Folha de S. Paulo


No passado, TV tinha menos de dez canais e não vinha com controle remoto

Quando eu era criança, nos anos 1970, só existiam seis canais de TV. Nós os chamávamos pelos números: 2, 4, 5, 7, 11 e 13. O 9 estava fora do ar.

A "Sessão da Tarde" ficava no 5. No 4 e no 13, havia desenhos de que eu gostava. Pular de um canal para outro dava trabalho: era preciso levantar do sofá e girar o seletor da TV, parecido com o controle de máquinas de lavar.

Lá em casa, havia uma regra: girar o seletor no sentido horário (e "devagar!", gritavam meus pais). Se a TV estivesse no 5 e quisesse trocar para o 4, era preciso dar a volta completa.

Diziam que ir do 5 direto para o 4 quebrava o seletor. Não devia ser verdade. Eu e meu irmão fazíamos isso de vez em quando, e tudo bem.

Depois, apareceu uma TV com botões para sintonizar os canais. Supermoderno. E, finalmente, surgiu um controle remoto com fio.

Com poucos canais, não havia muita programação para crianças. Víamos muito menos TV do que as crianças de hoje. Aproveitávamos para jogar bola na rua e empinar pipa.

Se chovia, tínhamos Detetive, xadrez, damas e dominó. Batíamos figurinha e líamos gibis. Por isso, acho estranho criança que assiste muito à TV. Sobra pouco tempo para fazer outras coisas legais.

Filipe Rocha/Editoria de Arte/Folhapress

SÉRGIO RIZZO é professor, crítico de cinema e autor do blog Censura Livre


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