Folha de S. Paulo


Crianças aproveitam as férias para brincar na casa do avós, mas é preciso limites

Oficialmente, o Dia dos Avós é comemorado em 26 de julho. Mas bem que poderia ser o mês todo. Com muitos pais sem férias nesta época do ano, os avós são uma alternativa para muitas famílias.

"Esse contato é muito enriquecedor tanto para a criança quanto para os avós, além de ser de grande ajuda para os pais. É um privilégio poder contar com os avós", diz Belinda Mandelbaum, do Instituto de Psicologia da USP.

Geralmente com mais liberdade do que na casa dos pais, a casa dos avós funciona como um escape para a criança, uma quebra da rotina.

"O que eu mais gosto da casa da vovó é poder comer bastante miojo, que meus pais regulam", diz Luigi Miranda Massimino, 7.

Eduardo Knapp/Folhapress
Luigi,7 e Vicenzo,3 brincam na sala da avó Nilse
Luigi,7 e Vicenzo,3 brincam na sala da avó Nilse

A psicóloga aconselha buscar o equilíbrio: "Tem que achar um meio-termo entre o que os pais acham importante, mas também dar uma certa liberdade para os avós. Isso faz parte da figura que eles representam para a criança."

Se mimar é papel dos avós, nas férias o sentido é reforçado. "Quando meu tio chega na casa da vovó, pergunta se a 'feira' já passou por ali, de tanta bagunça que fazemos. Mas a vovó deixa", conta Giovanna Romeiro Fabri, 9.

Segundo Belinda, certos excessos dos netos com os avós não devem ser motivos de pânico. "A criança aprende desde pequena o que pode fazer em cada lugar e em cada momento."

E como os vovôs também têm outras coisas para fazer... "O fim de semana é para o vovô e a vovó namorarem", adverte Carina Sayuri Fochi, 4.

"Muitos avós trabalham. E mesmo que não trabalhem, eles devem ter um tempo só para si. Não pode sobrar para os avós o papel de pai e mãe", diz Belinda.

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A PRINCESA DA CASA

Gabo Morales/Folhapress
Carina, 4, com os avós
Carina, 4, com os avós

Carina Sayuri Fochi, 4, tem um quarto só para ela fazer bagunça na casa dos avós Daniel, 60, e Cecília, 62.

"O vovô coloca máscara de monstro e me assusta, mas a vovó me protege!", conta ela.

Carina, que acaba de receber uma irmãzinha, era, até então, o centro das atenções da família.

Durante as férias, ela passa a semana com os avós, dando nota para os desenhos do avô, fazendo bolo e passeando. Mas as visitas se limitam ao período do dia.

"À noite a Carina quer ir para casa, ela não dorme nos avós", conta a mãe Aline, 36.

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TODO MUNDO JUNTO

Karime Xavier/Folhapress
Giovanna, 9, com as duas avós
Giovanna, 9, com as duas avós

Os quatro avós das irmãs Giovanna, 9, e Lavínia Romeiro Fabri, 2, moram na mesma rua. É uma farra.

"É bom morar todo mundo perto porque não preciso viajar para ver meus avós, é só atravessar a rua", fala Giovanna.

Sempre em casa, a avó Wilmar, 50, diz que se dedica ainda mais às netas: "Eu não sei dizer 'não' para elas...", assume a avó, que passa as tardes com as meninas.

No fim de semana, a visita é na casa da avó Margarida, 51, que libera doces e refrigerante, além de arrumar as unhas e os cabelos das garotas.

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SAGRADAS FÉRIAS

Pista de skate na garagem e campo de batalha na sala. É assim que Luigi, 7, e Vincenzo Miranda Massimino, 3, veem a casa da avó Nilse, 61.

Funcionária pública, ela tirou férias em julho para poder ficar com os netos."Eu adoro ficar com os meninos, eles dão uma canseira na gente, mas é gostoso", diz Nilse.

Para dar conta da agitação das crianças, ela leva os dois a cinemas e parques. Nas saídas, aproveita para comprar uns presentinhos.

"A vovó é quem mais dá presente aqui", dispara Luigi. Mas Nilse se defende: "Eu ligo para a mãe deles e só compro se ela autorizar."

Editoria de Arte/Folhapress

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