Folha de S. Paulo


Livro mistura 'Harry Potter' com folclore brasileiro; leia entrevista com o autor

Junte uma porção de "Harry Potter" e de "Desventuras em Série" com uma pitada de folclore brasileiro e está pronto o livro "A Odisseia de Tibor Lobato".

Nele, os órfãos Tibor e Sátir vão morar no sítio de sua avó após passar por um orfanato.

Divulgação

Ali conhecem seres fantásticos como o Curupira, o Saci e o Boitatá.

Agora, o autor quer transformar essa história em audiolivro.

"A ODISSEIA DE TIBOR LOBATO"
AUTOR Gustavo Rosseb
EDITORA Patuá
PREÇO R$ 30
INDICAÇÃO A partir de 10 anos

Leia abaixo entrevista com Gustavo Rosseb, que escreveu a história.

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FOLHINHA - Por que fazer um livro infantojuvenil baseado no folclore brasileiro?

Gustavo Rosseb - Sou fã de literatura infantojuvenil desde moleque, quando li "Harry Potter" pela primeira vez. Naquela época, eu não gostava muito dos livros da escola, ficava só lendo os resumos. Foi com os livros da J. K. Rowling que descobri que gostava de ler.

Então, resolvi escrever meu próprio livro, misturando a forma narrativa de "Harry Potter" com outra paixão minha, o folclore brasileiro.

O Monteiro Lobato fez um pouco disso com a turma do Sítio do Picapau Amarelo.

Eu peguei a linguagem que está rolando com os livros infantojuvenis e misturei com o folclore nacional, o que é inovador.

Se você dá os livros do Monteiro Lobato para a molecada de hoje, eles não vão se interessar tanto quanto se interessam por "Harry Potter". A linguagem é diferente. Eu li muito infantojuvenil para fazer o livro.

Como foi a pesquisa para fazer o livro?

Sempre fui atrás dessas histórias. Pegava lendas com meus avôs, que vieram de Minas Gerais, ouvia histórias de assombração da minha tia, lendas das empregada de não sei de quem.

Quando resolvi que iria pesquisar isso mais a fundo, uma das grandes referências foi o Câmara Cascudo, que foi considerado o maior pesquisador de folclore que temos no país. Isso acabou trazendo muita coisa interessante. Por exemplo, lendo um livro dele, descobri que o Saci nasce de dentro do bambu, onde fica por sete anos, e morre depois de 77. Então decidi escrever a história com um Saci velho, o que eu nunca tinha visto. Quando falamos de Saci hoje, as pessoas logo pensam do Saci criança, do Monteiro Lobato, arteiro. Eu trouxe uma visão diferente a partir do folclore.

Essa nova interpretação também acontece com outros personagens, como a Cuca...

Sim, eu dou uma nova roupagem para todos eles. E trago personagens que o Monteiro Lobato não usou, que já caíram em desuso, como a Pisadeira e a Porca dos Sete Leitões. Quando a criança acaba de ler meu livro, o Saci é tão importante quanto a Pisadeira, que muita gente não conhece e é aqui de São Paulo.

O próximo passo agora é transformar essa história em audiolivro. Como surgiu essa ideia?

Um dia, depois de fazer a divulgação do "Tibor" na Bienal do Livro de São Paulo, uma menina me enviou uma mensagem pelo Facebook dizendo que queria ler meu livro, mas que não podia porque era deficiente visual.

Fiquei com aquilo na cabeça e fui pesquisar mais sobre o que era um audiolivro. Não é tão difícil de fazer, mas precisa de dinheiro. Por isso fui atrás do financiamento coletivo. Coloquei o projeto no site de financiamento coletivo Catarse para conseguir R$ 15.000 para fazer mil audiolivros para crianças com deficiência visual. Faltam só quatro dias para acabar o prazo e ainda não atingi o valor.

Esses audiolivros vão ser distribuídos?

Sim, vão ser enviados para bibliotecas, escolas e ONGs do Brasil inteiro. Mas, se alguma pessoa quiser receber esse material, basta me escrever que eu enviarei.

E o segundo livro?

A série vai ser uma trilogia. O segundo já está pronto. Estou só esperando essa história dos audiolivros acabar para decidir a data de lançamento.


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