Folha de S. Paulo


Grandes seleções devem ter treinador local, diz Parreira

Coordenador técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014, Carlos Alberto Parreira disse que não vê com bons olhos a chegada de um treinador estrangeiro para dirigir o time nacional, que terminou a Copa do Mundo com o quarto lugar.

Com a saída de Luiz Felipe Scolari, o presidente da CBF, José Maria Marin, já admite a possibilidade de contratar um estrangeiro, embora ainda não tenha uma definição.

"Não há necessidade [de um treinador estrangeiro]. Grandes seleções têm que ter técnico local. O cara de fora que chegar aqui vai sofrer muito. E quando ele começar a entender, já era, já foi...", disse Parreira em entrevista para a ESPN Brasil.

"Não sou contra a ideia, mas acho difícil implementar um trabalho com um treinador estrangeiro. Em seis jogos, se ele perde três, já vão criticar. Acho que tem gente competente aqui para dar continuidade a esse trabalho", afirmou Parreira, que também não é mais o coordenador técnico da seleção.

Felipão entregou o cargo no sábado (12), logo após o time brasileiro ter sido derrotado, com facilidade, pelos holandeses, por 3 a 0, em Brasília, na disputa pelo terceiro lugar. A seleção encerrou o Mundial na quarta colocação após uma campanha com três vitórias, duas derrotas e dois empates.

A contratação de um treinador estrangeiro conta também com o apoio de jogadores. Ao deixar o estádio de Brasília, Daniel Alves defendeu a contratação de um técnico nascido no exterior após a série de fiascos no Mundial.

"Isso não deu certo na Inglaterra, por exemplo. [Sven Göran] Eriksson foi um fracasso. [Fabio] Capello foi um fracasso maior ainda", disse Parreira, que defendeu o investimento nas categorias de base para que a seleção volte a ter sucesso.

"O Brasil é formador de base. Temos que voltar a fazer isso. O Brasil deve incrementar o trabalho de divisões de base e revelar jogadores de alto nível. Os jogadores estão saindo muito cedo do Brasil. Atualmente, o jogador brasileiro conclui sua formação como atleta no exterior", disse.

Parreira admitiu ainda que a derrota para a Alemanha "foi vergonhosa". A seleção perdeu por 7 a 1, em Belo Horizonte, pelas semifinais. Foi a maior derrota na história centenária da equipe nacional

"Nas últimas três Copas, foi a primeira que ficamos entre os quatro melhores. Esse resultado foi vergonhoso, foi desastroso, é a maior derrota de todos os tempos, mas quantas vezes a seleção perdeu de sete? Foi uma única vez. Não vai acontecer uma segunda vez".


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