Folha de S. Paulo


Dilma confirma que dará taça ao campeão e diz que vaias 'são ossos do ofício'

A presidente Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira (7) uma dobradinha com sua homônima Dilma Bolada e homenageou o jogador Neymar na conta oficial do Palácio do Planalto no Facebook.

Em nova rodada de entrevista via rede social, ela citou o popular cumprimento do craque, confirmou que irá entregar a taça da Copa do Mundo, no próximo domingo, e criticou os "urubus agourentos" que esperavam o fracasso do evento.

"Vou entregar a taça no domingo, e torço para que seja para o Brasil", disse a presidente. Porém, quando questionada se teme passar por novo constrangimento, como na abertura da Copa, quando foi vaiada e xingada, respondeu: "são ossos do ofício".

Ao responder o agradecimento de uma eleitora, que disse que a realização do Mundial é uma "belezura", contra "tanto urubu agourento no caminho" disse: "Belezura mesmo. Azar dos urubus."

Para se aproximar do eleitorado jovem, Dilma tem usado o Facebook, além do Twitter, para dar entrevistas temáticas. Da mesma forma que o fez com assuntos relativos a programas de governo, também usou a ferramenta para capitalizar sobre as iniciativas federais, como investimentos em mobilidade, em estádios e geração de empregos.

A maior parte das perguntas respondidas, no entanto, giraram em torno de amenidades, como o placar do jogo desta terça-feira, contra a Alemanha –"na vitória, qualquer placar serve"–, o gol mais bonito do torneio –o de David Luiz, pelo Brasil, no jogo contra a Colômbia, e o de Van Persie, da Holanda, contra a Espanha– e a lesão de Neymar.

"A dor do Neymar ao ser atingido feriu o coração de todos os brasileiros. O Neymar está aí, mesmo ferido, querendo jogar. É um guerreiro. O exemplo de resistência do Neymar vai fortalecer a Seleção. Fazê-la se superar", disse ela.

Dilma também repetiu o cumprimento do jogador, ao fazer uma espécie de letra T com os braços –uma alusão ao "é tóis" de Neymar e de seus companheiros, variação do coloquial "é nóis". A foto foi publicada após a sugestão do perfil Dilma Bolada, que faz paródia da presidente da República.

"Ontem estava falando com Neymar e prometi que ia tirar uma foto fazendo o T do "É TOIS" em homenagem a ele, acho que seria ótimo postar aqui. Que tal? Não seria maravilhoso, né pessoal?", disse a versão humorística de Dilma.

Pedro Ladeira/Folhapress
Com o governador Agnelo Queiroz (à dir.), Dilma posa para fotos com operários no DF
Com o governador Agnelo Queiroz (à dir.), Dilma posa para fotos com operários no DF

A presidente (real) também respondeu a pedidos para que a Copa não acabe e sugeriu que o Brasil sedie o Mundial novamente "talvez na próxima década".

EMPRÉSTIMO

Dilma evitou responder diretamente questionamento da Folha a respeito do empréstimo por parte de bancos públicos, como o BNDES e a Caixa, para a construção de estádios. Reportagem da Folha desta segunda mostra que Estados e clubes deverão pagar cerca de R$ 2,4 bilhões às instituições financeiras a título de juros para as obras das arenas da Copa.

Para garantir arenas com o padrão Fifa, os responsáveis pelas obras pegaram emprestados R$ 4,3 bilhões de bancos públicos e de um fundo de desenvolvimento regional.

O valor total do financiamento chegará a R$ 6,7 bilhões, considerando os juros que serão cobrados nos próximos 13 anos.

A estimativa de gastos com juros -R$ 2,4 bilhões- foi feita à pedido da Folha por Jorge Augustowski, diretor-executivo de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com base na cópia dos contratos disponíveis na página da Transparência do governo federal na internet.

Com esse dinheiro, seria possível construir duas arenas como o Itaquerão.

Ao ser questionada, Dilma, entretanto, não confirmou esses números, tampouco disse se o governo federal deverá sinalizar com facilitação do pagamento aos Estados.

"O Brasil, ao emprestar dinheiro para construção dos estádios, não saiu no prejuízo. Primeiro, porque foi empréstimo bancário e será pago com os devidos juros. Segundo, porque os estádios nos permitiram receber a Copa das Copas e gerar, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas e a Ernst Young, 3,6 milhões de empregos em todo seu ciclo", afirmou a presidente.

"Terceiro, essas mesmas instituições, afirmam que para cada 1 real de investimento público na Copa, obtém-se R$ 3,4 de investimento privado. Quarto, porque mostramos para o mundo que o Brasil é um país que tem competência e capacidade para organizar, em toda a sua complexidade, uma grande Copa. Isso significa aeroportos, estádios, segurança, transporte público e estrutura de comunicação", continuou.


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