Folha de S. Paulo


O suíço: "Todos contra Messi"

A Copa do Mundo de 2014 é como uma montanha russa para a Suíça e seus torcedores.

Recordamos o primeiro jogo contra o Equador —não foi um bom desempenho no primeiro tempo. E todos sabemos como a partida terminou, com o roubo de bola e avanço de Behrami pelo campo inteiro. Suíça 2 a 1 no Equador, de virada, no fim do jogo.

Em seguida veio a França, uma aula para o time de Ottmar Hitzfeld e causa de muita crítica aos jogadores.

E por fim Honduras, uma vitória por 3 a 0, com destaque para Xherdan Shaqiri, com três gols e um desempenho que todos esperavam nas duas partidas anteriores.

E agora, chega a próxima fase —e no geral todos os suíços estão deliciados. A tensão está crescendo, e acreditamos que a maioria dos oito milhões de habitantes de nosso país estará sentada diante dos televisores às 13h (18h no horário suíço).

Chegar às oitavas era o nosso objetivo declarado, e o atingimos. Os problemas contra o Equador? O mau jogo contra a França? Esquecidos, tudo foi esquecido. Agora, Argentina. E acima de tudo: Lionel Messi, para muita gente ainda o melhor jogador do mundo. E as questões são: como será possível deter Messi? Será que de fato é possível?

Todos gostamos de assistir a Messi jogando, driblando, e todos admiramos seu estilo, os gols que levam sua assinatura. Até mesmo o treinador suíço, Ottmar Hitzfeld, diz ser "um grande fã do jogador argentino".

É o que ele declarou ao site da federação suíça de futebol. Mas, agora, Hitzfeld precisa encontrar um plano que permita neutralizar Messi, e essa parece ser a chave para o jogo em São Paulo.

Ele quer receber Messi com uma teia defensiva —o que significa que não haverá um jogador responsável por marcá-lo, mas dois ou três.

Isso demonstra acima de tudo que o respeito é imenso. Mas também que, se os suíços trabalharem com sucesso, estarão prontos para uma grande surpresa ou ainda melhor: para ser uma sensação.

"Não nos concentraremos apenas em Messi, porque o ataque deles tem muita qualidade e temos de prestar atenção incrível", disse Hitzfeld. Mas a autoconfiança vem crescendo a cada dia e os suíços estão ávidos por avançar como azarões no torneio, a exemplo da Costa Rica. "Todo jogador terá a chance de escrever um capítulo na história. Sem dúvida, não somos os favoritos. Mas não seremos nós que colocaremos limites para nossa equipe", completou o treinador.

Hitzfeld teve a ideia de escalar Shaqiri jogando como meia avançado, logo atrás do atacante, no jogo contra Honduras. Foi a decisão perfeita. Shaqiri mostrou um desempenho perfeito e talvez tenha sido necessário e vantajoso que os jornais não tenham ficado contentes com ele e seus colegas nos dois primeiros jogos. Shaqiri leu as críticas ou ouvir falar sobre elas, e ficou pilhado.

Agora, diante da Argentina, o técnico alemão da equipe suíça sabe que uma derrota significa sua aposentadoria. Seu rosto mostra a pressão que está sofrendo. Hitzfeld sabe que seu 61º jogo no comando da Suíça será o mais difícil, o maior desafio.

Qualquer médico se preocuparia ao contemplar o rosto de Hitzfeld durante uma partida. Mas isso é bom sinal. Pessoas que o conhecem muito bem dizem que é exatamente quando parece tão preocupado que ele apresenta seu melhor desempenho.

Creio que Hitzfeld vai virar monumento na Suíça. E quanto mais tempo ele mantiver a seleção no Brasil, maior o monumento será.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Editoria de Arte/Folhapress

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