Folha de S. Paulo


Alemanha sofre para bater Argélia na prorrogação e pega França nas quartas

Aos trancos, como no bisonho tropeção de Müller numa jogada ensaiada ao final do segundo tempo, a Alemanha avançou às quartas de final da Copa do Mundo, ao vencer a Argélia por 2 a 1 na prorrogação, na tarde/noite desta segunda (30), em Porto Alegre.

Em mais um jogo surpreendente deste Mundial, a zebra argelina rondou o Beira-Rio. Os alemães dominaram a posse de bola, mas, com jogadores habilidosos e contra-ataques perigosos, o adversário africano vendeu caro a derrota e caiu de pé.

Os três gols saíram na prorrogação. Schürrle e Özil marcaram para a Alemanha, e Djabou descontou.

Foi a primeira vitória alemã sobre a Argélia, que ganhara os dois jogos anteriores entre os dois times.

Na próxima sexta, às 13h, no Maracanã, a Alemanha enfrentará a França, que eliminou a Nigéria.

CHOQUE TÉRMICO

Os termômetros marcavam 15 graus na hora do jogo, mas um forte vento provocava uma sensação térmica abaixo disso.

O choque térmico enfrentado pelos alemães –que se concentram e jogaram toda a primeira fase no Nordeste, com temperaturas na faixa dos 28 graus– fez a primeira vítima antes mesmo do jogo.

Com febre, o zagueiro Hummels foi substituído por Mustafi, deslocado para a direita da defesa, com Boateng formando o miolo da zaga com Mertesacker.

No meio-campo, Schweinsteiger foi mantido, deixando Khedira de novo no banco, e Götze voltou ao time titular.

A entrada de Mustafi revelou-se desastrosa. Nem ele nem Boateng foram bem no primeiro tempo, errando passes e perdendo jogadas para os argelinos.

Empurrada pela sua barulhenta torcida, que se fez ouvir mais que a da Alemanha no Beira-Rio, a Argélia teve a primeira boa chance num contra-ataque aos 9 min. Slimani, o argelino mais perigoso, avançou livre pela esquerda do ataque e encontrou Neuer fora da meta –uma das marcas do goleiro alemão, que nesta segunda-feira a usou à exaustão, muitas vezes parecendo um líbero. Neuer correu a tempo de travar o chute de Slimani.

Os alemães só ameaçaram aos 14 min, num chute de Schweinsteiger de fora da área, espalmado por M'Bolhi.

Aos 17 min, Lacen recebeu cruzamento longo da esquerda e cabeceou para as redes, mas o árbitro brasileiro Sandro Ricci anulou o gol de forma correta, pois o argelino estava impedido.

No minuto seguinte, o ala Ghoulam entrou sozinho pela esquerda e quase marcou.

Ainda que com maior posse de bola, a Alemanha parecia atordoada em campo, errava passes e perdia bolas fáceis.

Aos 24 min, Özil teve um lampejo e tentou encobrir M'Bolhi, mas o goleiro pôs a escanteio.

A resposta argelina veio aos 39 min, num chute de longe de Mostefa –a bola desviou em Boateng e quase entrou.

O goleiro M'Bolhi salvou a Argélia no minuto seguinte, ao defender chutes em sequência de Müller e Götze.

ALEMANHA ACORDA

Para a etapa final, o técnico da Alemanha, Joachim Löw, substituiu Götze, que pouco fizera no jogo, por Schürrle. O time voltou com outro espírito, mais incisivo e eficiente.

E logo aos 3 min, num chute travado com a defesa, Schürrle quase encobriu M'Bolhi.

Numa boa trama do ataque alemão aos 9 min, Lahm finalizou com perigo, mas a bola desviou na zaga e foi a escanteio.

Aos 22 min, Mustafi machucou-se sozinho, ao chutar uma bola, e foi substituído por Khedira. Lahm foi então deslocado para a lateral direita, posição em que sempre atuou.

Aos 28 min, Feghouli ameaçou, com um chute rente à trave. Os argelinos cresceram de novo no jogo.

Müller, que andava apagado na partida, fez boa jogada pela direita aos 33 min e cruzou para Schweinsteiger, que cabeceou para fora.

No minuto seguinte, foi Müller quem cabeceou livre, forçando M'Bolhi a excelente defesa. O atacante voltaria a atormentar a defesa rival pouco depois, mas finalizou mal.

Aos 42 min, o estádio todo foi aos risos, quando a Alemanha cobrou uma falta em jogada ensaiada na qual Müller tropeçou e engatinhou –quando era para passar por cima da bola.

ARGÉLIA APLAUDIDA

E logo aos 2 min da prorrogação, a pressão alemã surtiu efeito: Müller avançou pela direita e cruzou para Schürrle, que mandou para as redes.

Aos 6 min, Özil desperdiçou ótimo contra-ataque, ao entrar livre e tentar driblar um zagueiro em vez de finalizar.

Mas Özil se redimiu aos 14 min da etapa final, chutando para as redes rebote de uma finalização displicente de Schürrle.

Djabou diminuiu, completando cruzamento da direita e incendiando os instantes finais.

Mesmo derrotada, a Argélia saiu aclamada do Beira-Rio.

Editoria de arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: