Folha de S. Paulo


Torcedores chilenos derrubam grades e invadem Maracanã; veja vídeo

Cerca de cem torcedores chilenos invadiram o Maracanã para assistir à partida desta quarta-feira (18) entre a sua seleção e a da Espanha, pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo.

Por volta de uma hora antes do confronto, os torcedores sem ingresso derrubaram as grades no portão C, próximo à entrada de imprensa. Sem muita força, o obstáculo caiu e dezenas de torcedores entraram correndo. Seguranças particulares responsáveis pelo estádio e a Polícia Militar tiveram dificuldade para conter a invasão. Tentaram fechar um segundo portão da área, mas foram empurrados pelos invasores.

Pouco antes de o jogo começar o clima continuava tenso no entorno do local, com a presença de milhares de torcedores chilenos sem ingresso, inconformados. A Polícia Militar chamou reforço para tentar conter novas invasões antes do início da partida, às 16h.

Um grupo de cerca de 50 torcedores chilenos invadiu a sala de imprensa do Maracanã, onde derrubaram uma divisória erguida para isolar o acesso à área interna. Uma torcedora com camisa do Chile machucou o braço em um vidro quebrado. Depois, alguns dos invasores foram pegos por seguranças e colocados sentados em um canto do corredor do estádio.

Em nota, a Fifa comunicou que "um grupo de pessoas sem ingressos forçou de forma violenta a entrada no estádio, quebrando cercas e passando pela segurança" e que "foram contidas pela segurança e não chegaram aos assentos". Acrescentou ainda que "a situação rapidamente foi controlada e pelo menos 85 invasores foram detidos de acordo com a Policia Militar".

Já de acordo com a Polícia Civil, os chilenos foram autuados pelo artigo 41B do Estatuto do Torcedor (promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em evento esportivo) pela invasão. Dois cidadãos argentinos e um americano foram levados à delegacia como testemunhas.

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Um invasor que usava camisa branca conseguiu entrar no elevador junto à área de imprensa, fugindo da polícia. Alguns dos torcedores conseguiram correr até as arquibancadas, misturando-se ao público.

Um outro rapaz, que vestia camisa do Chile, conseguiu fugir com uma câmera na mão, dizendo-se jornalista. Ele mostrou um crachá de imprensa, mas não uma credencial da Fifa –o que o autorizaria a ficar no local. Um PM o encaminhou para a fila, mas ele saiu andando calmamente. Quando perceberam, ele já estava fora da área isolada, em meio aos torcedores fora do estádio.

Uma torcedora detida relatou à Folha que o grupo não tinha conseguido entrar no estádio porque comprou entradas falsas vendidas por um brasileiro. Alguns dos torcedores também disseram aos jornalistas que estavam na porta e acabaram entrando juntos, mas que não haviam quebrado nenhum portão. Um deles tentou convencer um policial militar que só havia entrado para tirar fotos –e acabou detido.

Antes de invadirem o Maracanã, os torcedores chilenos já haviam passado por um bloqueio nos arredores do estádio –a área de isolamento onde só é permitida a entrada de quem possui ingresso.

Segundo o COL (Comitê Organizador Local), os chilenos se aglutinaram em frente a um portão de entrada de imprensa e pediram ajuda médica alegando que um um torcedor estava passando mal. O pedido de socorro tinha como objetivo despistar a segurança para tornar mais fácil a invasão. A polícia demorou cerca de 20 minutos para chegar ao local da confusão.

Para o Comitê, há duas possibilidades para justificar essa primeira invasão. A primeira é que os chilenos realmente tinham ingressos falsos e assim puderam passar pelo primeiro bloqueio. Para entrar no cordão de isolamento, basta mostrar uma entrada para a partida, mas ela não é lida pelo detector de chips que diz se o bilhete é verdadeiro ou falsa.

Outra possibilidade é que os torcedores já estivessem no entorno do estádio antes do isolamento da área, quatro horas antes da partida. Às 9h, quando chegou ao Maracanã, a reportagem da Folha flagrou chilenos nos arredores do palco da partida desta tarde.

Após constatar o problema, a Fifa solicitou que a PM reforçasse o efetivo nos portões de acesso à arena. Até então, a orientação dada pela Fifa, segundo a Folha apurou, era de que os policiais não ficassem nos portões do estádio, deixando a guarda dos acessos com a empresa privada contratada para cuidar da segurança interna.

À noite, os torcedores foram liberados pela polícia e foram levados em comboio de ônibus e carros da Polícia Militar para o Consulado do Chile na Praia do Flamengo. Eles têm prazo de 72 horas para deixar o país. Em caso contrário, estarão sujeitos a deportação.


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