Folha de S. Paulo


Análise de Clóvis Rossi: #TemCopa, #temNeymar, #temjuiz

Bem que o videogame Fifa-2014, o mais usado no mundo, cravou Neymar como o artilheiro da Copa, na simulação que fez.

Previu seis gols para o astro brasileiro, que já fez um terço deles só no jogo inicial.

Bem que o atacante croata Olic disse, numa entrevista desta semana, que o Brasil tinha buracos na defesa que a Croácia trataria de aproveitar. Aproveitou. Um cruzamento da esquerda fez a defesa do Brasil bater tanta cabeça que Marcelo fez contra.

Essas duas previsões definiram o jogo desta quinta-feira (12), com a inestimável ajuda do juiz japonês, que premiou o Brasil com um pênalti que não existiu.

O resultado final (3 a 1) não conta a história real da partida. O Brasil não conseguiu criar jogadas, até porque tem uma dificuldade conhecida em jogar contra times que não lhe dão espaços para o contra-ataque.

Dois dos três gols, de resto, saíram precisamente de jogadas individuais, a primeira de Neymar, que ganhou a bola em pé-de-ferro com os croatas, e a segunda de Oscar.

Fora isso, o único risco real que a Croácia sofreu foi em um chute de Paulinho, aos 20 minutos do primeiro tempo. Até então, o Brasil vivia de lançamentos para a área, que são lances lotéricos: pode-se acertar ou não a cabeça ou o pé de um atacante.

Nenhum dos cruzamentos ganhou na loteria.

A Croácia, ao contrário, ganhou a sua, no primeiro gol, mas mostrou claramente que não tem ataque. Tem, sim, um bom meio de campo (Modric e Rakitic).

É o oposto do Brasil, que não tem meio-campistas, mas tem atacantes como Neymar e Oscar, capazes de definir uma partida em lances isolados, como aconteceu nesta quinta-feira.

O que fica para as partidas seguintes é saber até que ponto o favor do juiz ao Brasil foi decisivo para o resultado. Não dá para saber se, caso se mantivesse o 1 a 1, a seleção local teria forças para fazer o segundo gol de maneira legítima ou, ao contrário, ficaria nervosa e acabaria não surgindo o gol de Oscar.

Afinal, até o pênalti, não havia acontecido nadica de nada no segundo tempo, nem de um lado nem do outro. E já eram 23 minutos.

Depois, sim. Talvez espicaçados pelo gol ilegítimo, os croatas lançaram-se à frente com a frequência que não haviam exibido até então. A proposta de fechar-se atrás já não tinha mais sentido.

O Brasil, que deveria ter se tranquilizado com a vantagem, pareceu assustado com o avanço dos croatas e ficou encurralado até o lance isolado em que Oscar foi avançando, avançado e deu um bico na bola para fazer 3 a 1.

Um placar exagerado mas que comprova que jogar como local é levar vantagem.

Editoria de arte/Folhapress

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