Uma nova Copa do Mundo está muito próxima, ainda que desta vez os olhares não contemplem só o futebol.
Para ser sincero, tenho muito medo daquilo que vem ocorrendo no Brasil antes do certame, com as mobilizações e queixas dos trabalhadores. Não pelos protestos, mas pela possibilidade de que o Brasil seja eliminado antes da hora. Esse é o problema. Tomara que eu esteja errado.
Não sou especialista em economia, mas me parece que o Brasil poderia realizar uma Copa sem tantos gastos, sem tantos estádios novos.
Parece-me um despropósito essa exigência da Fifa.
Quanto ao lado futebolístico, creio que os candidatos sejam os mesmos se sempre: Alemanha, Espanha, Itália, Argentina e Brasil. Ninguém até hoje conseguiu romper a hegemonia desses candidatos, ainda que desta vez as equipes sul-americanas se provarão fortes, por milhares de razões. O clima, o local, isso influi e vai fazê-las crescer.
Os brasileiros são sempre competitivos e sempre candidatos. Creio que, jogando com sua seleção, Neymar será um jogador determinante.
Não creio, porém, que esteja preparado para manter um ritmo que o qualifique como melhor do mundo, não ainda; Neymar é jovem, mas a Copa pode ser um passo para sua consagração definitiva, porque lhe sobram condições para isso.
Messi terá diante dele a chance de reafirmar sua condição de herdeiro de quatro dos maiores jogadores da história. Os reis do futebol foram Alfredo Di Stéfano, Pelé, Cruyff e Diego Maradona. Messi pode se consagrar como o quinto deles na Copa.
A coroa está sem dono há muito tempo. Depois que Diego parou, ela parecia destinada a Ronaldo, depois Ronaldinho e Kaká, mas o desempenho deles foi caindo.
Creio que, se chegar bem ao Mundial, Messi seja hoje, e de longe, o melhor jogador do mundo. Mas as Copas são uma vitrine, e ele estará exposto a todos os olhares.
Caso não vá bem, custaria a se recuperar, ainda que grandes jogadores também tenham tido dificuldade para provar a grandeza em Copas. Por isso, seria bom que Messi tivesse uma boa Copa.
Não que a vencesse, porque vencer um Mundial é muito difícil e há mil circunstâncias que podem influenciar o resultado. Mas que demonstrasse a personalidade de um capitão da Argentina.
CESAR LUIS MENOTTI foi o técnico da Argentina campeã mundial em 1978
Tradução de PAULO MIGLIACCI