Todo empresário de futebol escuta ofertas de "craques" que estão prontos, à espera de serem descobertos. Josep Maria Minguella, 73, ouve isso mais do que todos.
"Antigamente, o que mais me diziam era: 'descobri um novo Maradona para você'. Eu já nem prestava atenção mais. Até que um dia, apareceu. Era Messi", revela ele, em entrevista à Folha.
Foi Minguella quem levou Maradona para o Barcelona. Dezoito anos mais tarde, apareceu no Camp Nou com Lionel Messi a tiracolo. Nas suas mais de quatro décadas de ligação com o clube espanhol, também fez as negociações para as contratações de Stoichkov, Romário e Rivaldo, entre outros.
A pergunta que ele mais recebe é a comparação entre Messi e Maradona. Quem merece ocupar mais alto entre os grandes craque do futebol? Lionel já foi quatro vezes melhor do mundo. Diego, nenhuma. O atual camisa 10 do Barcelona já faturou três Ligas dos Campeões da Europa, título que escapou ao seu antecessor.
Minguella dá de ombros para os números e para os que acreditam que Messi pode chegar a ser o melhor de todos os tempos.
"Não se pode comparar Pelé, Maradona e Messi. O futebol mudou muito no decorrer dos anos. Messi é o maior deste século. Mas Maradona ganhou uma Copa do Mundo (1986) e foi vice em outra (90) com uma seleção argentina que era medíocre. Tornou sozinho um time desconhecido (Napoli) em força na Europa. Difícil comparar", constata.
Toni Garriga/Efe |
O espanhol Josep Maria Minguella, representante de jogadores de futebol |
Pode parecer incrível hoje em dia, mas Minguella teve muito trabalho para convencer os dirigentes do Barcelona a ficar com Messi. "Ele era muito pequeno e magro. Treinadores da base do clube não acreditavam nele. Mas com a bola nos pés, foi sempre muito claro que era capaz de coisas fantásticas", se recorda.
Minguella tinha um aliado. Carles Rexach, ex-jogador, técnico e dirigente do Barcelona, alertou que Messi não poderia ir embora de forma alguma. O destino provou que estavam certos.
Mas o veterano empresário é "maradonista". Acredita que o maior erro da história do Barcelona foi ter vendido o meia para o Napoli, em 1984. Tem certeza que, se Maradona tivesse permanecido na Espanha, teria sido para o clube, no século XX, o que Messi tem representado nos últimos oito anos.
"Creio que as principais diferenças entre Messi e Maradona foram a adaptação, a idade em que chegaram e quem estava em volta do jogador. Messi veio muito jovem, acompanhado da família e esteve sempre sob o olhar de todos na Masia (centro de desenvolvimento de jogadores do Barcelona). Maradona chegou como estrela e com um entorno de amizades que não o ajudaram em nada", analisa.
Aposentado, Minguella gasta seu tempo aproveitando o prestígio no futebol. Comparece a eventos, jantares e patrocina o Fieldoo, site que busca revelar novos jogadores.