Folha de S. Paulo


Blatter ameniza crítica, mas estádios no Brasil têm, sim, o maior atraso

Com relação a atraso nos estádios, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, acerta ao reclamar do Brasil.

Mesmo assim, ele recuou das críticas após recado da presidente Dilma Rousseff.

Anteontem, o jornal suíço "24 Heures" publicou entrevista com Blatter.

Entre outras declarações, disse que, desde que começou a trabalhar na Fifa, em 1975, nenhum outro país teve obras para a Copa tão atrasadas quanto o Brasil. No período ao qual ele se refere, aconteceram nove Mundiais.

Editoria de Arte / Folhapress

Ontem, Joseph Blatter baixou muito o tom das críticas em uma rede social.

"Apenas 157 dias para a abertura da Copa-2014, em São Paulo. Os preparativos estão a todo vapor nas 12 sedes. Brasil 2014 será um sucesso", escreveu Blatter em sua conta no Twitter.

O "assopro" após crítica não é inédito na relação entre Fifa e governo brasileiro. E aconteceu depois que Dilma, no Twitter, afirmou que o Brasil fará "a Copa das Copas", numa clara resposta à crítica de Blatter na véspera.

"A procura por ingressos para os jogos –a maior em todas as Copas– mostra que torcedores do mundo inteiro confiam no Brasil", escreveu.

DEMORA

A pouco mais de cinco meses da abertura da Copa do Mundo, dia 12 de junho de 2014, as obras dos estádios brasileiros realmente estão mais atrasadas do que, pelo menos, os últimos quatro mundiais disputados.

Se usarmos metáforas do futebol, é possível dizer que Brasil perde por um mirrado 1 a 0 para a África do Sul, anfitriã em 2010, e leva uma goleada dos demais: alemães (2006), japoneses e sul-coreanos (2002) e franceses (1998).

Em janeiro de 2010, dos dez estádios que receberam jogos na África do Sul, seis já estavam prontos a cinco meses da partida inaugural, que foi no dia 11 de junho. Ou seja, 60% das obras concluídas.

No Brasil, são sete prontos, de um total de 12, o que equivale a 58%.

A Arena das Dunas está pronta, mas não foi inaugurada a pedido do governo federal, que quer a presença da presidente Dilma no evento. O jogo inaugural acontecerá no próximo dia 26 de janeiro.

Mas mesmo com a inclusão de Natal, somada aos seis estádios que estavam prontos desde 2013 para receber a Copa das Confederações –Maracanã (Rio), Mineirão (BH), Fonte Nova (Bahia), Castelão (Fortaleza), Arena Pernambuco e Mané Garrincha (Brasília)–, há desvantagem do Brasil em relação à África e aos outros países

O levantamento feito pela Folha considerou as Copas a partir de 1998, quando há dados confiáveis disponíveis a respeito da data das inaugurações dos estádios.

Foi também nesse ano que os Mundiais passaram a ter grandes obras para estádios (caso do Stade de France, construído nos arredores de Paris para ser a principal arena daquele torneio) e que Blatter assumiu a presidência da Fifa.

ALVO

Ao reclamar dos atrasos no Brasil, Blatter não mira apenas as obras nos estádios.

A Folha apurou que a entidade entende que os estádios estarão prontos, mesmo com alguns problemas específicos, como foi o gramado do Mané Garrincha na Copa das Confederações, em 2013.

Blatter se preocupa especialmente com as estruturas provisórias das arenas e as obras de mobilidade e infraestrutura nas cidades.

As estruturas provisórias são aquelas nos entornos dos estádios, montadas para receber imprensa, áreas VIPs, patrocinadores, entre outros.

A entidade que comanda o futebol mundial teme que alguns estádios tenham pouco espaço para essas estruturas.

Com colaboração de Natal, Curitiba e Cuiabá

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página: