No Brasil, Diego Costa atuou apenas na quarta divisão do Campeonato Paulista. Jogava no Barcelona Esportivo de Capela, da zona sul da capital.
"Chegou de Sergipe aos 15 anos e despontava como alguém além do seu tempo. Sempre agradou em treinos e jogos, ótimo como jogador e pessoa", afirmou à Folha o presidente do clube, Paulo Sérgio Moura, que ainda mantém contato frequente com o atacante.
O porte físico e o bom futebol anteciparam a subida de Diego para o time profissional já aos 16 anos.
"Ele morava na casa dos tios. Os primos trabalhavam na Rua 25 de Março, ganhavam mais dinheiro e o provocavam por isso. Diego pensou em abandonar o futebol para ter um salário maior. Recebia de R$ 400 a 500", contou Moura.
Em 2005, foi para o Penafiel, de Portugal. Peregrinou por clubes portugueses e espanhóis até encontrar espaço no Atlético de Madri.
Sem a concorrência do goleador colombiano Falcao García, que foi negociado com o Mônaco, Diego Costa tornou-se destaque do time na atual temporada, ofuscando o recém contratado David Villa.
Na Espanha, ele ficou famoso não só pelos gols, mas principalmente pelas polêmicas em que se envolveu. Irreverente, não perde a chance de provocar adversários.
Trata-se de um atacante que busca o contato físico e costuma se desentender com seus marcadores. Coleciona desafetos, que o acusam de agressões e simulação de faltas.
Em alguns estádios da Espanha, Diego Costa é alvo constante de vaias de torcidas rivais. E adora isso.
"Não gosta de levar desaforo, briga mesmo, mas não procura confusão. Na verdade, é uma moça, um excelente ser humano", disse Moura.
Na quarta divisão de São Paulo, quando já era observado para ir à Europa, o jogador foi suspenso por quatro meses.
"Não lembro quando foi. Ele não teve culpa, foi uma expulsão tão boba, que nem mandamos advogado para o julgamento. Mas o árbitro tinha dito que ele agrediu um adversário. Aí foi suspenso por 120 dias. Mas tínhamos as filmagens, recorremos, mostramos que ele sofreu uma agressão e não revidou, só se protegeu. A punição foi reduzida para um ou dois jogos", relatou o presidente do Barcelona paulista.
O dirigente garante que o artilheiro não ficou abalado por causa da expectativa em torno de sua renúncia à seleção brasileira.
"Ele está animado, tranquilo, satisfeito [pela escolha]", afirmou.
Na opinião de Moura, o atleta acertou ao recusar o chamado da CBF.
"Foi mais uma tentativa de enfraquecer a Espanha. Felipão já tem na cabeça quem ele vai levar [para a Copa]. Ao que tudo indica, quem quer mesmo Diego é a Espanha. Acho que foi uma decisão tomada racionalmente. Optou por quem deu mais carinho a ele", avaliou.