Rivais no próximo domingo na Copa das Confederações, Brasil e Espanha disputaram, em 1986, o quinto confronto direto em Copa do Mundo, no México --já haviam se enfrentado em 1934, 1950, 1962 e 1978.
Foi a estreia das duas equipes na competição e os brasileiros ganharam por 1 a 0, gol de Sócrates, aos 17min do segundo tempo. A vitória foi também a última da seleção em cima dos espanhóis.
O jogo, porém, ficou marcado por um erro do árbitro australiano Christopher Bambridge, que deixou de validar um gol espanhol aos 7min da etapa final. Após uma cobrança de escanteio, a bola sobrou para Francisco, fora da área. O meio-campista finalizou, a bola bateu no travessão e entrou 20cm no gol do goleiro Carlos. No entanto, a arbitragem não observou o lance e mandou o jogo seguir, para a indignação dos atletas espanhóis.
A manchete da Folha da edição de 2 de junho de 1986 já estampava na sua primeira página: "Brasil vence Espanha com o auxílio do juiz".
De acordo com relatos publicados no jornal, o gol não validado ajudou a despertar a seleção brasileira, que passou a jogar melhor. Minutos depois, Edinho fez um gol com a mão, mas o árbitro viu a irregularidade e invalidou o lance.
Mas aos 17min, o Brasil, comandado por Telê Santana, conseguiu abrir o placar, em um lance de difícil observação do assistente americano David Socha. Careca recebeu na direita e chutou forte. A bola bateu no travessão, mas caiu do lado de dentro do campo e sobrou livre para Sócrates cabecear e fazer o gol da vitória. Os espanhóis reclamaram impedimento, mas o corintiano estava na mesma linha de um zagueiro espanhol.
"Foi irritante. Desagradamos a torcida e ficamos trocando passes para tentar abrir a defesa espanhola", afirmou o técnico Telê Santana.
Na página 19 do jornal, duas análises divergem a respeito da atuação do árbitro australiano. José Astolfi, ex-árbitro e ex-diretor de árbitros da federação paulista, denominou a arbitragem como "desastrosa", mas também culpou o assistente holandês Jan Keizer, "que deveria estar bem colocado, pois o lance anterior fora escanteio."
Já Ilton José da Costa, então árbitro e presidente do Sindicato de Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo, defendeu Bambridge e justificou que o gol foi visto "graças ao teipe" e que o australiano não possui este "instrumento". "Ele só deve apitar quando tem convicção, no caso de que fora gol. Do contrário, 'pró-réu', ou seja, seleção do Brasil", escreveu.
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