Folha de S. Paulo


'Canibal' e 'Pistoleiro', uruguaio Suárez tem carreira marcada por polêmicas

Gols e rebeldia. As duas palavras ajudam a definir bem o que é Luis Suárez, 26, atacante do Liverpool, da Inglaterra, e uma das grandes esperanças da seleção uruguaia para a partida de quarta-feira contra o Brasil, em Belo Horizonte, às 16h, pela semifinal da Copa das Confederações.

Se por um lado o atacante foi o vice-artilheiro do último Campeonato Inglês com 23 gols --três a menos que o holandês Robin van Persie, do Manchester United--, por outro protagonizou cenas de ataques no mínimo excêntricos em campo, como morder o defensor sérvio Branislav Ivanovic, do Chelsea.

Quando jogava pelo Ajax, foi apelidado pelo jornal holandês "De Telegraaf" por "O Canibal do Ajax", por causa de outra mordida num outro adversário.

O INÍCIO

O polêmico jogador começou a sua carreira no Nacional, do Uruguai, com 14 anos. Com 15, já tinha uma expulsão em seu currículo. Nervoso, deu uma cabeçada num árbitro e recebeu o cartão vermelho. De acordo com Daniel Enriquez, diretor do Nacional, o juiz teve o nariz quebrado.

Em 2006, Suárez ajudou o clube a ganhar o Campeonato Uruguaio. Marcou 12 gols em 29 partidas. O seu desempenho despertou o interesse de equipes da Europa e o seu destino foi o Groningen, da Holanda.

Em 8 de fevereiro de 2007, o atacante fez a sua estreia pela seleção principal do Uruguai, na vitória por 3 a 1 sobre a Colômbia. E foi como muitos já esperavam. Acabou expulso.

Apesar dos deslizes em campo, Suárez foi contratado pelo Ajax, que pagou 7,5 milhões de euros (R$ 22 milhões) ao Groningen, em 2007. Em sua primeira temporada pela equipe, anotou 20 gols em 40 partidas.

Em seu segundo ano no clube, o jogador ganhou o apelido de "O Pistoleiro". Tanto pelos gols como pelo seu temperamento. O técnico Marco van Basten chegou a reclamar publicamente sobre os cartões tomados pelo jogador.

"Suárez é extremamente importante para nós, está envolvido em quase todos os gols que marcamos, mas ele nos prejudica muito como todos aqueles cartões amarelos", disse Van Basten.

O atleta chegou a ser suspenso pelo clube por causa de uma discussão com o companheiro de time Albert Luque nos vestiários. Apesar do seu temperamento, Suárez ganhou a tarja de capitão do Ajax quando Van Basten deixou a equipe e foi substituído por Martin Jol.

Como líder do time, o atacante terminou a temporada 2009/10 com 49 gols somando todas as competições jogadas pela equipe holandesa. Assim, chegou à Copa do Mundo da África do Sul em alta.

Com três gols, ajudou o Uruguai a ficar na quarta posição, mas ficou marcado mesmo por outra polêmica. Nas quartas de final, contra Gana, foi expulso após evitar, com a mão, um gol do rival no último minuto da prorrogação. Na cobrança da penalidade, o atacante Gyan desperdiçou e a seleção uruguaia se classificou para a semifinal na disputa por pênaltis.

A carreira de Suárez prossegui com mais polêmicas. Em novembro de 2010, foi suspenso por sete jogos pela Federação Holandesa de Futebol por morder o meia-atacante Otman Bakkal, do PSV Eindhoven, no ombro.

Em janeiro de 2011, o uruguaio deixou o Ajax e se transferiu para o Liverpool, que pagou 26,5 milhões de euros (R$ 60 milhões) por sua contratação. Os gols continuaram. As polêmicas também.

No fim de 2011, já depois de ganhar a Copa América com o Uruguai, foi acusado de racismo pelo defensor francês Patrice Evra, do Manchester United, e pegou oito jogos de gancho. Na partida do reencontro entre os dois, em fevereiro de 2012, o uruguaio se recusou a cumprimentar o rival.

Em sua primeira temporada completa pelo time inglês, Suárez anotou 17 gols em 39 partidas. Em 2012/13, o jogador aprontou mais das suas. Em abril de 2013, levou dez jogos de suspensão por morder o sérvio Ivanovic, do Chelsea, no braço. Ele ainda se disse perseguido pela imprensa inglesa.

"Todo os dias os paparazzi tiravam fotos. Não podia ir ao supermercado, me senti muito exposto. E depois disseram disparates, mentiras, mudaram as coisas que falei. Ninguém me defendeu, eu sabia pelo erro que cometi, mas eles passaram dos limites", afirmou.

Apesar de todos os problemas, o atacante tem hoje um balanço de 51 gols em 96 jogos pelo Liverpool. Números que o colocam na mira de clubes como o Real Madrid. Apesar disso, o técnico da equipe inglesa, Brendan Rogers, disse que o jogador vai continuar em Liverpool.


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