Folha de S. Paulo


Após sofrer em Minas, Nigéria jogará em casa em Salvador

De rejeitada pelos mineiros a "queridinha" dos baianos. Essa é a expectativa da Nigéria, que hoje enfrenta o Uruguai, às 19h, na primeira partida em Salvador nesta Copa das Confederações.

Há três dias, a equipe viu a torcida local torcer fervorosamente para o excêntrico Taiti em sua estreia no Brasil. Mesmo tendo vencido de goleada, as arquibancadas festejaram mais o único gol adversário do que os seis que ela marcou em Belo Horizonte.

Agora, a história será diferente, segundo os movimentos sociais de Salvador. A capital baiana é a cidade com mais negros fora da África.

"Sério isso? Se eles vierem nos apoiar, será uma grande força moral. Vai nos ajudar", disse o volante Mikel, estrela nigeriana e atleta do Chelsea.

Daniel Garcia-19.jun.13/AFP
Jogadores da Nigéria em treinamento na Arena Fonte Nova
Jogadores da Nigéria em treinamento na Arena Fonte Nova

"Na segunda, foi uma atmosfera bem estranha. Não sabíamos que todos estariam com o Taiti. Foi engraçado jogar sem nenhum torcedor a favor", completou, aos risos.

"A ligação com Salvador data de cinco séculos. Os primeiros escravos que chegaram ao país vieram de onde atualmente é a Nigéria", afirma Misbah Akanni, representante da embaixada nigeriana na cidade.

Ele diz que ontem inclusive ocorreria uma visita da delegação ao Pelourinho, mas a Fifa e a Polícia Federal não deixaram devido ao clima de protestos no Brasil. A federação e o órgão negam.

Da região, vieram componentes fundamentais da cultura afro-baiana, como o acarajé. Empolgado, o presidente do bloco Olodum, João Jorge, promete uma homenagem aos jogadores.

Para completar, um dos maiores ídolos da história do Vitória, rival do Bahia, é um ex-atacante nigeriano chamado Ricky --que é amigo do treinador do time nacional.

O técnico Stephen Keshi faz mistério sobre a escalação. Já o Uruguai (nome de um bairro de Salvador) está definido por Oscar Tabárez, que repetiu postura adotada no Recife, antes da derrota por 2 a 1 para a Espanha, e não realizou o tradicional treino de reconhecimento do gramado da Fonte Nova.

Ele alegou que, por acontecer à noite, seus atletas poderiam ficar cansados.

Serão três as mudanças neste que é considerado por ambos os lados um jogo crucial para avançar às semifinais ao lado dos espanhóis.

A principal delas é a entrada de Diego Forlán, um dos dois do elenco que atuam no Brasil. O atacante do Internacional vai formar o setor com os badalados Suárez e Cavani e deixar a seleção no pouco usual esquema 3-4-3.

Apesar das especulações, o meia Lodeiro, do Botafogo, deve começar o duelo de hoje no banco de reservas.


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