Folha de S. Paulo


Jogadores apoiam atos populares e buscam reaproximar torcida da seleção

Na véspera de um jogo decisivo contra o México pela Copa das Confederações, a seleção brasileira tomou posição fora do campo.

Os jogadores e o técnico Luiz Felipe Scolari se disseram favoráveis às manifestações que ocorrem nas principais cidades brasileiras. Os gastos com a Copa estão entre os motivos dos protestos.

"Tomara que continuem a ser pacíficas, democráticas. É o que nós queremos", afirmou o treinador do Brasil em entrevista coletiva ontem à tarde, no estádio Castelão.

Hoje, estão marcados protestos dentro e fora do estádio --há até quem defenda que a torcida cante o hino de costas para o campo.

O movimento "Fortaleza Apavorada", articulado por meio da internet para criticar o aumento da violência na capital cearense, pediu aos torcedores que fossem ao jogo vestidos de preto.

Pela manhã, dois jogadores titulares apoiaram os atos. "No meu caso, que vim de baixo, bate um pouco de vontade [de estar na rua]", disse o atacante Hulk. "A gente vê que eles têm razão de estar ali, temos que ouvir o que eles querem, o que eles falam."

O zagueiro David Luiz também defendeu as manifestações. "Eu, que moro fora [na Inglaterra], sei que o Brasil pode ser um país melhor."

No sábado, após a vitória contra o Japão, Felipão não quis comentar o assunto. "Tenho que me perguntar com a parte tática e técnica", disse.

Entre vários jogadores ouvidos na área de entrevistas após o jogo, só Fred se mostrou favorável às manifestações --que ainda eram de menores proporções.

Ontem, Felipão afirmou que seus atletas "têm liberdade para opinar sobre qualquer assunto". Daniel Alves e Dante, pelo Twitter, também defenderam protestos.

A CBF e a Fifa também apoiaram as manifestações, desde que sejam pacíficas.

As declarações dos jogadores vão ao encontro da filosofia da CBF, que busca reaproximar a torcida do time, trabalho iniciado com a contratação de Felipão e de Carlos Alberto Parreira, os últimos campeões mundiais.

"A seleção é do povo", disse o técnico. Na segunda, contrariando orientação da Fifa, Felipão liberou a entrada de torcedores no fim do treino.

Enquanto afaga torcedores agora, Felipão já projeta um time mais fechado em 2014.
"Para o Mundial, precisaremos de mais privacidade, se não perdemos sem ter começado a jogar."

A seleção vinha sendo vaiada nos jogos no Brasil --rotina que foi quebrada no sábado, quando o time bateu o Japão por 3 a 0 na estreia do torneio, em Brasília. "Nossa obrigação é jogar para empolgar a torcida."


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