Folha de S. Paulo


Quatro anos após acidente, Lais Souza quer concluir faculdade e fazer livro

Karime Xavier/Folhapress
Lais Souza durante sessão de fisioterapia em São Paulo na última quarta-feira (24)
Lais Souza durante sessão de fisioterapia em São Paulo na última quarta-feira (24)

Concluir a faculdade de psicologia, na qual está no segundo semestre, e lançar um livro contando a sua trajetória de vida e a batalha travada desde o acidente sofrido há exatos quatro anos nos Estados Unidos enquanto treinava para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi que a deixou tetraplégica.

Essas são algumas das metas estabelecidas pela ex-ginasta Lais Souza, 29.

"Gostaria de seguir para a psicologia esportiva, por ter vivido muito tempo no meio. Mas não tenho uma ideia muito certa. Estou conhecendo melhor cada área de atuação", disse à Folha.

"O livro eu tenho muita vontade de fazer. Vou me preparar para isso."

O ingresso no esporte paraolímpico é algo mais distante no momento. Em 2016, ela experimentou disputar jogos de bocha.

"Minha agenda está muito lotada. Estou sem espaço para fazer algum esporte, me dedicar bem aos treinos. Talvez eu consiga no futuro", disse.

A agenda de Lais é ocupada atualmente pelas aulas na universidade em Ribeirão Preto, sessões semanais de fisioterapia e palestras motivacionais.

São essas palestras que contribuem para a renda mensal e custeiam o tratamento e os três cuidadores que a acompanham 24 horas por dia.

Lais conta também com patrocínio do Centro Universitário Estácio -que também lhe dá bolsa de estudos-, auxílio financeiro da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) e pensão vitalícia mensal desde 2015 -o valor atual do benefício é de R$ 5.645,80.

"Assim vou conseguindo pagar o mês", disse.

Na parte física, Lais evolui em ritmo lento, mas que a deixa satisfeita. Ela gosta de registrar cada passo no Instagram. São vários vídeos feitos.

"Consigo mexer do peito para cima. Recuperei muito pouco dos movimentos, mas a sensibilidade melhorou demais", disse a ex-ginasta, que visita periodicamente os médicos que a operaram e trataram nos EUA.

Apesar de ter passado quatro anos do acidente, Lais ainda tenta se adaptar à nova realidade.

"É difícil comparar com a vida de antes. Mas me esforço para caramba para não deixar as coisas saírem dos trilhos."

Ela acompanhará a Olimpíada e a Paraolimpíada de Inverno de PyeongChang, na Coreia do Sul, pela televisão. O evento olímpico tem início em 9 de fevereiro.


Endereço da página:

Links no texto: