Folha de S. Paulo


Bicampeão europeu e mundial, Real Madrid tenta sair da crise

Paul White/Associated Press
Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, lamenta durante partida contra o Villarreal; time busca reação contra o Valencia
Time de Cristiano Ronaldo vai mal no Espanhol e deu vexame na Copa do Rei

O Real Madrid visita o Valencia neste sábado (27), às 13h15 (com Fox Sports), pelo Campeonato Espanhol, buscando amenizar a crise que foi agravada depois da vexatória eliminação na última quarta diante do modesto Leganés nas quartas de final da Copa do Rei.

Embora o torneio fosse visto como a principal chance de título para o Real no restante da temporada, o técnico Zinedine Zidane mandou a campo uma equipe mista que acabou derrotada por 2 a 1 sob protestos da torcida no Santiago Bernabéu.

Agora, restam para o time apenas as disputas do Espanhol, no qual ocupa a quarta colocação a 19 pontos do líder Barcelona, e a Liga dos Campeões. No dia 14 de fevereiro, o Real abre o confronto das oitavas de final da competição continental contra o Paris Saint-Germain, que, diferentemente dos espanhóis, vem colecionando resultados expressivos na temporada.

"É claro. Isto está claríssimo", admite Zidane quando questionado se seu futuro no Santiago Bernabéu depende da classificação contra os franceses. "[A derrota para o Leganés] foi um fracasso e assumo que sou o responsável".

Se o Real tenta acalmar os ânimos, o Valencia, adversário deste sábado, faz boa campanha e é o atual terceiro colocado do Espanhol, com 40 pontos, cinco a mais que o time da capital.

"SEMPRE FOI ASSIM"

Considerando-se o histórico recente do Real, o cenário de crise surpreende. Desde que Zidane assumiu a equipe em janeiro de 2016, foram oito títulos conquistados, dentre os quais o bicampeonato europeu e mundial. Mas bastou metade de uma temporada abaixo da expectativa para que o próprio técnico reconheça que seu cargo está por um fio.

"Não concordo com essa filosofia, mas ao mesmo tempo o Real Madrid sempre foi isso", comenta o ex-meia Sávio, que defendeu o time espanhol entre 1998 e 2003.

"O Real é diferente de outros times da Europa que passam ou passaram por momentos ruins, como Milan, Inter de Milão e o próprio Barcelona. Há uma pressão enorme e diária por parte do clube, da torcida e da imprensa. Estar a 19 pontos do Barcelona é um pouco inaceitável lá, e a maneira como saiu contra o Leganés também teve um impacto muito forte".

Sávio, hoje empresário, discorda que a temporada de seu ex-clube esteja perdida. Para ele, o 13º título na Liga dos Campeões (e o tri consecutivo de Zidane) ainda é uma possibilidade.

"Talvez pelo momento atual o PSG seja favorito, mas é preciso respeitar o Real, que não foi 12 vezes campeão à toa e cresce na Liga dos Campeões em momentos de dificuldade. Em 2000, ficamos em quinto no Espanhol e ganhamos a Liga dos Campeões contra o próprio Valencia, contrariando as expectativas", relembra.

Diante do risco de a temporada do Real praticamente acabar no dia 6 de março, data do jogo de volta contra os franceses, a imprensa espanhola publica nos últimos dias que o clube já planeja uma reformulação que agitaria o mercado europeu na janela de transferências do meio do ano.

"O que o elenco do Real Madrid atual fez foi histórico, extraordinário, o Zidane inclusive, mas fica difícil não acreditar nas mudanças caso o time seja eliminado agora da Liga dos Campeões", afirma Sávio.


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