Folha de S. Paulo


Brasil tem seu pior desempenho na corrida de São Silvestre em 44 anos

Leonardo Benassatto/Reuters
SAO PAULO/SP BRASIL. 17/12/2017 Show de Pablo Vittar em uma loja na Rua Augusta.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ILUSTRADA)***EXCLUSIVO***
O etíope Dawitt Admasu cruza a linha de chegada da São Silvestre

A São Silvestre de 2017 foi a pior para os atletas brasileiros desde 1973, considerando as provas masculina e feminina.

Neste domingo (31), em São Paulo, o país teve como melhor resultado a décima colocação de Joziane Cardoso em corrida vencida pela queniana Flomena Cheyech.

No masculino, o primeiro representante brasileiro a cruzar a linha de chegada foi Ederson Vilela, 27, somente na 12ª colocação.

Os atletas do país não tinham um desempenho tão ruim na prova desde 1973, quando o brasileiro mais bem colocado da corrida foi José Romão de Andrade e Silva, em 11º. Na época não havia disputa feminina e a prova tinha apenas 8.900 m de percurso –a distância atual, de 15 km, passou a vigorar a partir de 1991.

Foi também a primeira vez desde 2011 que o Brasil não fez pódio levando em conta ambos os naipes. Os cinco primeiros são premiados. Naquele ano, Cruz Nonata foi a sexta e Damião de Souza o sétimo.

"Para ser sincero, estou feliz com o meu resultado. No ano passado, eu fui o sétimo, mas o segundo melhor brasileiro. Neste ano, fui o melhor brasileiro", disse Vilela que viu o jejum brasileiro entre os homens subir para sete anos.

"Mas é verdade também que precisamos repensar as coisas. É muito ruim não ter nenhum brasileiro no pódio em que pese a força dos africanos", disse o atleta que completou a prova com a marca de 46min55s, bem distante do vencedor Dawitt Admasu.

O etíope, que havia ficado com o triunfo em 2014, conquistou o bicampeonato com a marca de 44min15s em uma corrida disputada sob chuva.

Admasu, que registrou o melhor tempo da prova desde 2013, contou que vinha fazendo uma preparação especial para a São Silvestre. Passou mais de dois meses treinando na Etiópia, em altitudes que podem chegar aos 3 mil metros acima do nível do mar.

"Acho que esta questão de treinar na altura acaba sendo um diferencial para nós africanos", analisou.

Para Vilela, os atletas brasileiros precisam encarar a São Silvestre de uma outra maneira, colocando-a como uma prioridade.

"A gente acaba tendo de correr várias provas no ano para fazer um pé-de-meia e acabamos chegando cansados. Mas isso não pode ser uma desculpa sempre", disse o corredor.

A prova masculina teve ainda o etíope Belay Bezabh em segundo, com a marca de 44min33s e o queniano Edwin Rotich em terceiro, com 44min43s.

Rotich, aliás, esteve envolvido no único momento em que um brasileiro foi protagonista na prova e focado pelas câmeras de TV.

O queniano estava no pelotão nos quilômetros iniciais da prova e acabou sendo tocado acidentalmente por Wellington Bezerra e foi para o chão junto com o brasileiro.

"Eu nem vi o que aconteceu. Senti apenas um toque na minha perna e fui pro chão. Felizmente consegui me recuperar e manter o ritmo", disse o africano vencedor em 2012 e 2013.

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SAO PAULO/SP BRASIL. 17/12/2017 Show de Pablo Vittar em uma loja na Rua Augusta.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ILUSTRADA)***EXCLUSIVO***
A queniana Flomena Cheyech termina em primeiro lugar a prova feminina da São Silvestre

Na prova feminina, Flomena Cheyech sobrou em relação às adversárias e completou os 15 quilômetros em 50min18s. A segunda colocada, Birhane Adugana, da Etiópia, fez 50min55s.

No ano passado, também nenhuma mulher brasileira foi ao pódio. A última vez que isso aconteceu foi em 2015, com a própria Joziane, na quarta colocação.

O último triunfo data de 2006.

"Estou feliz. Sei que não é impossível vencer as africanas. No ano que vem, quero fazer mais treinos em altitude", disse Joziane.


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