Folha de S. Paulo


Santos usa R$ 33 mi por Neymar no PSG em dívida de Damião e Lucas Lima

O Santos usou o dinheiro recebido na venda de Neymar do Barcelona para o PSG para quitar parte de uma dívida com a Doyen Sport, fundo de investimento que pagou a contratação do atacante Leandro Damião no fim de 2013.

A informação foi confirmada à Folha por José Carlos Peres, que assumirá oficialmente a presidência do clube da Vila Belmiro em janeiro.

"O Santos utilizou esse dinheiro (da venda de Neymar) e pagou a primeira parcela. A paulada foi grande. A segunda será em outubro ou novembro de 2018 e a última em 2019. Com isso, a dívida cai entre aspas, porque só pagou a primeira parcela", afirmou.

O Santos recebeu R$ 33 milhões do time francês após a negociação com o Barcelona.

Uma regra da Fifa garante o pagamento de indenização para o clube formador em todas as transações internacionais. Como Neymar saiu do time catalão por R$ 822 milhões, o Santos teve direito a cerca de 0,4%, referente ao período que o atacante ficou em sua categoria de base.

O Santos acordou o pagamento de cerca de 24 milhões de euros (aproximadamente R$ 100 milhões) para a Doyen, divididos em três parcelas a serem pagas no fim dos anos de 2017, 2018 e 2019.

Quando contratou Damião do Internacional, em dezembro de 2013, a empresa gastou 13 milhões de euros (na época, cerca de R$ 42 milhões ) e o repassou ao clube paulista.

Pelo contrato, o Santos não poderia vendê-lo por valor inferior a 18 milhões de euros.

Se o fizesse, teria de repassar à empresa a diferença ou quitar a quantia desembolsada por ela com acréscimo de juros de 10% por ano até o fim do vínculo do atleta.

O montante equivale à dívida pela compra de Damião somada à multa pela saída de Lucas Lima de graça do clube para o Palmeiras.

No contrato com o meia estava previsto que o Santos deveria indenizar o investidor caso Lucas Lima deixasse a equipe sem custos. O combinado previa que o Santos precisaria devolver o gasto da empresa na contratação do meia.

A Doyen gastou R$ 5,5 milhões para tirá-lo do Internacional no início de 2014. Com a correção monetária, o montante estaria em R$ 8 milhões.

Somam-se ao débito com a empresa valores das vendas de Geuvânio e Gabigol. A empresa havia adquirido porcentagens deles na gestão Odílio Rodrigues, que ficou no clube entre 2013 e 2014.

Os investidores também compraram 25% de Daniel Guedes, em valor incluído no acordo com o Santos.

Geuvânio foi para o futebol chinês por 11 milhões de euros (R$ 40 milhões), sendo que a empresa poderia levar 35% dos direitos econômicos (R$ 14 milhões). Gabigol foi para a Inter de Milão por 25 milhões de euros (R$ 91 milhões) - a Doyen teria direito a 20% (R$ 18 milhões).

Como o Santos não pagou a porcentagem da Doyen pela saída de Geuvânio, além da dívida por Damião, foi acionado na Justiça pela empresa no começo de 2016, em ação que corre em sigilo.

Devido ao processo, o clube sofreu diversos bloqueios em suas contas bancárias.

Segundo Peres, a Doyen deu desconto para o Santos quitar todas as dívidas porque resolveu encerrar suas atividades na América do Sul.

"Eles chamaram os clubes que tinham dívidas com eles e deram desconto. Um deles foi o Santos, que talvez tenha sido quem mais se aprofundou por causa do Leandro Damião. Houve acordo para que essa dívida com a Doyen caísse. A única exigência foi para que fosse pago em três vezes", explicou Peres.

A Doyen é um grupo privado de investimentos com sede em Malta e escritório em Londres, e já aplicou dinheiro no Brasil, Espanha, Portugal e Leste Europeu. Procurada, não respondeu à Folha.

'O Santos FC tem por norma não responder casos que estão sub judice", informou a assessoria de imprensa do clube. Modesto Roma Júnior, presidente na época do acordo, seguirá no cargo até o dia 31 de dezembro.


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