Folha de S. Paulo


Coritiba oculta dois carros em ação de Gil, morto na tragédia da Chapecoense

Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress
Homenagem e culto ecumênico em memória às vítimas da tragédia aérea envolvendo a delegação da Chapecoense
Após tragédia, delegação da Chapecoense que morreu no acidente recebeu várias homenagens

A Justiça do Paraná determinou o bloqueio de dois veículos que pertencem ao Coritiba em ação movida por José Gildeixon Clemente de Paiva, o Gil, volante que morreu na tragédia do voo da Chapecoense, em Medellín, em 29 de novembro de 2016. Ele tinha, na época, 29 anos.

O clube paranaense, no entanto, ocultou os dois carros (um Fiat Doblò e um Chevrolet Cruze), de acordo com despacho assinado pela juíza do trabalho substituta Tatiane Bastos Buquera no último dia 23 de novembro.

Devido à recusa do Coritiba em cumprir a sentença e entregá-los, em 1º de dezembro a juíza restringiu a circulação dos automóveis.

Na prática, os veículos podem ser apreendidos se vistos em trânsito na rua ou parados em batidas policiais.

Inicialmente, o clube teria até a última sexta (15) para apresentar os carros ou outros pertences.

Gil atuou pelo clube paranaense entre 2011 e 2015, e no último ano de contrato entrou com ação judicial em que reivindicava pagamentos atrasados de férias, 13º salário e depósitos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Ele também ingressou com pedido de danos morais.

No mesmo ano, ele foi emprestado à Chapecoense. Como o Coritiba não pagou o que era pedido pelo jogador, a Justiça determinou um bloqueio nas contas do clube no dia 7 de setembro.
Entretanto, encontrou apenas R$ 803,99 em nome do Coritiba. Dois meses mais tarde, em 7 de novembro, ocorreu outro bloqueio e, da mesma forma, foi encontrado pouco dinheiro nelas: ao todo, o clube tinha apenas R$ 2.421,26.

Diante do valor muito abaixo da indenização estipulada, a juíza da 19ª Vara do Trabalho de Curitiba bloqueou os dois carros que estavam listados como patrimônio da agremiação esportiva.

Ao longo dos 20 dias subsequentes, oficiais de Justiça não os encontraram.

"Tendo em vista que o executado está se furtando ao cumprimento da sentença, ocultando seus bens, determino a restrição de circulação dos veículos", afirmou a juíza em despacho.

R$ 400 MIL

A decisão também intimou o clube a fornecer o paradeiro dos veículos e indicar outros bens para execução dentro de um prazo de cinco dias, sob pena de aplicar multa de 20% do valor da causa.

Atualmente, o valor da ação já superou R$ 400 mil.

Na última semana, o Coritiba incluiu na lista de bens para penhora 65 cadeiras cativas do estádio Couto Pereira, com preço estimado de R$ 7,5 mil cada. Além disso, afirmou não possuir outros bens.

Os advogados de Gil, porém, não aceitaram as cadeiras cativas como pagamento e pediram a penhora de valores pagos pelos patrocinadores do clube.

Quando o dinheiro for liberado, as beneficiárias serão a mulher de Gil, Valdécia Paiva, e suas duas filhas. Elas são representadas pelo escritório Camilo e Martinez Advogados, de São Paulo.

Procurado pela Folha, o Coritiba afirmou que "em relação ao tema, neste momento o Coritiba se manifesta apenas na esfera jurídica".


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