Folha de S. Paulo


Kaká se aposenta e pensa em volta ao Milan, onde atingiu o auge na carreira

Divulgação/Facebook/OrlandoCitySC
Kaká em treinamento do Orlando City
Kaká em treinamento do Orlando City, seu último time como jogador profissional

Kaká, 35, foi o último jogador que não se chama Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi a ser escolhido melhor do mundo. Neste domingo (17), ele anunciou a aposentadoria em entrevista ao "Esporte Espetacular", da Globo.

Kaká recebeu o prêmio em dezembro de 2007 para terminar um ano em que havia sido o astro do Milan (ITA), campeão da Liga dos Campeões da Europa e do Mundial de Clubes.

Ele foi também o último brasileiro eleito pela Fifa. Depois dele, Cristiano Ronaldo venceu cinco vezes. Messi foi escolhido outras cinco.

"Eu precisava de um tempo para pensar e tomar uma decisão muito tranquila, muito calma e consciente do que gostaria para minha vida. Cheguei à conclusão que é o momento de encerrar a carreira como jogador", disse.

Ele pretende estudar para se tornar dirigente. Já tem oferta do Milan. Seria o retorno do filho pródigo.

Foi na equipe italiana que o brasileiro teve seus melhores momentos. Kaká termina a carreira como um dos maiores nomes de sua geração pelo que fez no Milan. Ele atuou no clube entre 2003 e 2009 e entre 2013 e 2014.

Seu futebol na Itália deixou no esquecimento que saiu do São Paulo enxovalhado por parte da torcida e negociado por US$ 8,5 milhões.

No valor atual são R$ 28,2 milhões. Hoje seria uma ninharia para quem já era apontado como futuro titular da seleção brasileira. Na época, também era muito pouco.

Quando retornou ao Morumbi, por empréstimo, em 2014, estava na curva descendente da carreira.

Uma queda que começou em 2009, quando decidiu deixar o Milan para defender o Real Madrid. Apesar da expectativa criada, as lesões não permitiram que fosse o mesmo jogador de antes.

No ano anterior, Kaká havia rejeitado uma oferta do Manchester City (ING), então no início do processo para se tornar um dos clubes mais poderosos do mundo. Ele seria o jogador mais caro do futebol mundial.

"O salário era muito maior do que eu recebia no Milan. Mas pensei no que representaria para minha família sair de Milão e mudar de casa", disse em entrevista à revista FourFourTwo em 2009.

A imagem de Kaká na sacada do clube, mostrando sua camisa do Milan para os torcedores, sinalizando que ficaria, é uma das mais icônicas de sua trajetória.

A carreira em Milão representa mais até do fez pela seleção brasileira. Campeão mundial em 2002, aos 20 anos, era reserva no que ficou conhecida como "família Scolari", elenco que conquistou o título no Japão.

Quando a que deveria ser sua grande Copa chegou, sofreu com a desorganização, excesso de badalação e briga de egos no torneio da Alemanha, em 2006. O Brasil perdeu nas quartas de final diante da França.

Seu último Mundial foi o de 2010. Não brilhou em outra campanha que terminou mal. A seleção de Dunga caiu contra a Holanda.

DIFERENCIADO

Batizado como Ricardo Izecson dos Santos Leite, Kaká é filho de casal de classe média alta. Ele sempre fugiu do clichê de jogador que encontrou no futebol uma forma de fugir da pobreza.

Estudou em boas escolas e, no início, tinha no esporte um passatempo. Nas categorias de base do São Paulo não era visto como grande promessa. No time sub-20 era reserva do meia Harrison, que não teve carreira de destaque.

Sua explosão aconteceu no torneio Rio-São Paulo de 2001, quando o clube do Morumbi foi campeão e Kaká (então chamado de "Cacá"), fez dois gols na final.

Religioso, usou cada oportunidade no futebol para passar mensagens cristãs. Ao se aposentar, postou texto em redes sociais para agradecer a Deus. Durante parte da carreira, sua imagem serviu como propaganda para a Igreja Renascer em Cristo, da bispa Sônia Hernades e do apóstolo Estevam Hernandes.

Kaká se afastou da igreja em 2010. Havia pago R$ 2,5 milhões em dízimos no ano anterior. Em 2007, Sônia e Estevam foram presos pela polícia dos EUA ao tentarem entrar no país com US$ 56 mil.

O último time da carreira dele foi o Orlando City, do brasileiro Flávio Augusto da Silva. Ele não conquistou títulos pelo clube. Em 2015, anunciou a separação de Carol Celico, com quem ficou casado por dez anos.

Já há algum tempo o meia mantém outros interesses fora do futebol. Ele é um dos investidores do canal Desimpedidos, que tem 4,7 milhões de inscritos no YouTube.


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