Folha de S. Paulo


Banimento de Del Nero pela Fifa embaralha sucessão na CBF

Com o banimento de Marco Polo Del Nero por 90 dias pela Fifa, a eleição da CBF fica em aberto. Desde sexta (15), quando foi anunciada a pena do cartola, dirigentes de federações começaram a articular alianças para viabilizar candidatos.

Substituto de Del Nero, Antonio Carlos Nunes, 79, vai tentar concorrer. Ex-presidente da Federação Paraense, coronel Nunes, como gosta de ser chamado, terá o poder no começo do ano e vai trabalhar para ser candidato. Ele é o vice da CBF e assumiu o cargo por ser o mais velho.

Pelo estatuto da CBF, a idade define a linha sucessória.

Embora declarem que não vão vão concorrer, Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista, e Ednaldo Rodrigues, que comanda o futebol na Bahia, são apontados como virtuais candidatos por integrantes do colégio eleitoral ouvidos pela Folha.

Na eleição, os 27 presidentes de federações e os 40 clubes da Séries A e B vão votar.

Sergio Moraes - 17.set.2015/Reuters
Marco Polo Del Nero, presidente da CBF que foi suspenso por 90 dias pela Fifa na última sexta (15)
Marco Polo Del Nero, presidente da CBF que foi suspenso por 90 dias pela Fifa na última sexta (15)

As federações são maioria. Em março, a CBF mudou o peso dos votos para favorecer os seus aliados. Pela nova regra, o voto de cada uma das 27 federações terá peso três. Os times da Série A terão peso dois em cada voto. Os da Série B ficaram com peso um.

No total, os cartolas estaduais terão 81 votos contra 60 dos clubes.

Presidentes de times também poderão ser candidatos. Até agora, nenhum declarou que pretende concorrer.

Pelos planos de Del Nero, a eleição seria realizada em abril. Se não fosse banido pela Fifa provisoriamente, o dirigente dificilmente enfrentaria um candidato no pleito.

Ele queria garantir a sua reeleição antes da Copa do Mundo da Rússia. Ele avaliava que uma derrota do time comandado por Tite no Mundial de 2018 poderia atrapalhá-lo. Pelo estatuto da CBF, a eleição pode ser realizada até um ano antes do final do mandato do presidente, que se encerra em abril de 2019.

Se a punição for confirmada pelo Comitê de Ética da Fifa, Del Nero tentará fazer nos bastidores seu sucessor. Rogério Caboclo, diretor Executivo de Gestão, é o preferido.

Mas Caboclo não tem prestígio com os cartolas. Homem de confiança do presidente da CBF, ele serve como um escudo para Del Nero e muitas vezes contraria os interesses dos dirigentes de federações.

No dia 4, Del Nero tentou aproximar Caboclo dos eleitores. Ao anunciar que a CBF pagaria a viagem de todos os presidentes de federações para a Rússia, disse que a ideia teria sido de Caboclo.

O banimento provisório de Del Nero foi interpretado por aliados do presidente da CBF como uma resposta da Fifa ao judiciário dos EUA. Neste mês, José Maria Marin, antecessor de Del Nero, é julgado por extorsão, fraude financeira e lavagem de dinheiro.

Del Nero é acusado pelos promotores norte-americanos dos mesmos crimes. Apesar de a punição não ser definitiva, seus aliados acham difícil a Fifa absolvê-lo.


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