Folha de S. Paulo


Patrocinador afirma que cobrou CBF por transparência e ética

Antonio Lacerda - 29.mai.2015/Efe
O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, concede entrevista sem banner de patrocinadores em 215
O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, concede entrevista sem banner de patrocinadores em 215

Patrocinador da CBF desde 2008, o Banco Itaú se manifestou sobre a suspensão de 90 dias do presidente Marco Polo del Nero e afirmou à Folha que já sinalizou que a entidade deveria seguir "alicerces de transparência e ética" na gestão. A empresa diz que apoia e acompanha as investigações de casos de corrupção no esporte.

"Como signatário do Pacto pelo Esporte e banco oficial da seleção brasileira em todas as suas categorias, o Itaú apoia e continua acompanhando as investigações em prol da transparência e da ética na gestão do futebol no mundo e no Brasil. É fundamental que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) demonstre o seu compromisso com esses alicerces, conforme já sinalizamos à confederação em oportunidades anteriores. Nossa ligação com o esporte vem de longa data e foi reforçada em 2008 quando decidimos patrocinar todas as categorias da seleção", informou o banco em nota oficial.

O Pacto pelo Esporte é um acordo entre 26 empresas patrocinadoras do esporte brasileiro que tem o objetivo de contribuir para a cultura e a prática de governança, integridade e transparência do segmento.Ele é promovido pela Atletas pelo Brasil, pelo Instituto Ethos, LIDE Esporte e tem apoio do Mattos Filho Advogados.

A GOL, que patrocina a CBF desde 2013, lembra que também é signatária do Pacto.

"A GOL tem como compromisso apoiar o crescimento e o desenvolvimento do esporte brasileiro. Além do patrocínio à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a companhia é a transportadora oficial da Seleção Brasileira. Em outubro de 2015, a empresa participou da assinatura do Pacto pelo Esporte com o intuito de fazer parte de um grupo de trabalho que tem como foco a construção de um ambiente de negócios mais propício ao investimento esportivo, sobretudo de longo prazo", disse a companhia por meio de sua assessoria de imprensa.

Por meio de nota enviada à Folha, o Pacto pelo Esporte afirmou que "repudia qualquer ato de ilegalidade" e que "em caso de comprovação de denúncias, enfatiza seu desejo de que as devidas punições sejam aplicadas aos envolvidos". A Mastercad, como signatária, diz ter esta posição.

A Vivo, que também faz parte do Pacto pelo Esporte, se limitou a dizer: "A Vivo é patrocinadora oficial da Seleção Brasileira e não fará comentários em relação à decisão da Fifa".

A Ambev, que patrocina a seleção por meio da marca Guaraná Antarctica, informou que não vai comentar o assunto.

Até a publicação desta reportagem ainda não se manifestaram: Nike, Ultrafarma, English Live, Cimed e Universidade Brasil.

FUGA DE PATROCINADORES

Quando Del Nero assumiu a presidência da CBF, a entidade contava com um total de 13 patrocinadores. Hoje são dez.

Os patrocinadores que deixaram a entidade desde então foram: Sadia, Chevrolet, Gillette, Samsung, Unimed e Michelin. As duas primeiras empresas tinham as cotas de patrocínios master.

Hoje o espaço principal é ocupado por Nike, Vivo, Itaú e Guaraná Antarctica.

Em 29 de maio de 2015, dias após José Maria Marin ser preso na Suíça no início do escândalo de corrupção na Fifa, Del Nero concedeu entrevista coletiva na sede da CBF para falar sobre o escândalo de corrupção e descartar a renúncia sem nenhum banner com os patrocinadores.

À época, a assessoria de imprensa da CBF informou que não houve tempo para montar o painel no auditório da entidade nesta sexta. Mais tarde, disse que o uso do backdrop é restrito a eventos que tratem de seleção brasileira.

Na posse do cartola como mandatário da confederação, porém, sem ligação direta com a seleção, foram expostas as imagens dos patrocinadores.

OUTRO LADO

Em nota, Del Nero negou ter recebido propina e destacou que todos os contratos considerados suspeitos pela Justiça americana foram assinados antes de 2015, quando o dirigente assumiu o comando da CBF. Ele, no entanto, não comentou nada a respeito da punição imposta pelo comitê de ética da Fifa.

"A tentativa de réus e delatores se livrarem de acusações que lhe são dirigidas através do expediente corriqueiro de atribuir a terceiros inocentes a prática da infração em troca de benesses processuais é comum nos tribunais e não pode ser aceita como verdade absoluta", afirmou Del Nero, em referências as acusações feitas por delatores e pelos advogados de José Maria Marin contra ele durante o julgamento.

"Meus advogados requererão, no momento processualmente adequado, o arquivamento dessas graciosas especulações investigativas e a adoção das contramedidas cabíveis", afirmou.

Confira a nota do Pacto pelo Esporte na íntegra

Neste momento em que surgem denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol e o atual presidente Marco Polo del Nero, o Pacto pelo Esporte vem reforçar o seu apoio ao esporte brasileiro. Após o Comitê de Ética da Fifa anunciar a suspensão de Del Nero por um período de 90 dias, ratificamos o nosso compromisso ao que se refere ao setor esportivo.

Ressaltamos o nosso apoio para que as investigações sejam realizadas e repudia qualquer ato de ilegalidade. Em caso de comprovação de denúncias, enfatiza seu desejo de que as devidas punições sejam aplicadas aos envolvidos.

Hoje são 26 empresas signatárias do Pacto pelo Esporte comprometidas com o aprimoramento da gestão esportiva e que trabalham em prol da integridade e transparência no esporte.


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