Folha de S. Paulo


Após manobra de aliado de Andrés, Corinthians veta votos de anistiados

Julia Chequer/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 11-02-2012: Novo presidente do Corinthians, Mario Gobbi, comemora vitoria nas eleicoes do clube, realizadas no Parque Sao Jorge. (Foto: Julia Chequer/Folhapress)
Eleição do novo presidente do Corinthians está marcada para 3 de fevereiro de 2018

Os 845 sócios do Corinthians que reativaram seus títulos com desconto não poderão mais votar na eleição do clube, em fevereiro.

A anistia dada a sócios havia sido determinada por Eduardo Caggiano, diretor administrativo do clube, que também assinou documento como coordenador de campanha de Andrés Sanchez, candidato à presidência.

A iniciativa foi invalidada pela comissão eleitoral nesta quinta (7). A pedido do candidato Romeu Tuma Jr.

"Foi decisão tomada em consenso. A única possibilidade de alguém que regularizou participar da eleição é se provar que pagou o valor correto", diz o presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger.

A anistia deveria ser avalizada pelo secretário geral Antônio Jorge Rachid Júnior, mas ele se recusou a autorizar a medida por considerá-la ilegal.

"Não fui consultado, se fosse não aprovaria. A ordem veio de cima, da diretoria", disse Rachid à Folha.

Caggiano enviou e-mail em 1º de dezembro comunicando a anistia. Três dias depois, assinou o protocolo de inscrição eleitoral da chapa de Sanchez. A Folha teve acesso aos dois documentos.

Sanchez afirma que Caggiano, na verdade, está à frente de uma das chapas de 25 candidatos ao conselho deliberativo que o apoiam.

Em situação normal, o sócio inadimplente há mais de um ano teria que pagar entre R$ 800 e R$ 1.100 para reativar o título. Com o desconto, o valor caiu para R$ 450 no plano individual e R$ 600 no familiar. Nos dois casos, o associado precisaria quitar também a mensalidade de janeiro (entre R$ 120 e R$ 170).

O procedimento não estava de acordo com o estatuto do clube, que proíbe "anistia financeira aos associados no período de 12 meses anteriores à AG [Assembleia Geral]".

Em conversas com candidatos a presidente, a diretoria rejeitou o termo "anistia" e disse ter dado um "desconto". De acordo com o artigo 107 do Código Penal, anistia é forma de extinguir a punibilidade de uma infração cometida.

A quitação de janeiro não é obrigatória para participar da eleição. O estatuto do Corinthians diz que, para votar, o sócio deve estar em condição regular dois meses antes do pleito. Como as mensalidades vencem no dia 10 de cada mês, quem pagou novembro está apto, mesmo que depois fique inadimplente. A eleição está marcada para 3 de fevereiro de 2018.

O prazo de três dias para regularizar a situação de sócios provocou uma correria entre os presidenciáveis.

Andrés Sanchez, Antonio Roque Citadini, Felipe Ezabella, Paulo Garcia e Romeu Tuma Jr serão candidatos. Sanchez é o nome da situação. Seu grupo político, "Renovação e Transparência", está no poder desde 2007.

O próprio Antônio Rachid, aliado de Paulo Garcia, gravou áudio pedindo a associados inadimplentes comparecerem ao clube porque a situação seria resolvida.

OUTRO LADO

A assessoria da diretoria do clube diz que o assunto seria tratado apenas pela comissão eleitoral. A reportagem pediu entrevista com Eduardo Caggiano, mas não foi atendida.

Sanchez afirma ter entendido a iniciativa do clube, sem ser 100% favorável a ela:

"Tentaram levantar dinheiro a mais, mas penalizariam o sócio que pagou rigorosamente em dia."


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