Folha de S. Paulo


Eleições no Santos e Corinthians têm denúncias e 'fake news'

Julia Chequer/Folhapress
Eleição realizada pelo Corinthians em 2012 no Parque São Jorge
Eleição realizada pelo Corinthians em 2012 no Parque São Jorge

O dia a dia dos candidatos a presidente de Santos e Corinthians mudou em relação a eleições passadas. Além de pedir votos a associados e apresentar propostas, eles gastam um tempo considerável rebatendo ao que todos definem como "jogo sujo".

Os pleitos dos dois clubes são travados também nas redes sociais e aplicativos de mensagens, tal qual passou a acontecer na política tradicional. Daí partem boatos, ataques pessoais e o que ficou conhecido como "fake news". Notícias que não têm qualquer comprovação.

"O baixo nível passou do limite. Há blogs dizendo que fui preso, que tive de depor na Polícia Federal, que estou na [Operação] Lava Jato. Coisas absurdas", reclama Andres Rueda, um dos candidatos de oposição no Santos.

A eleição no clube está marcada para este sábado (9) e a proximidade faz com que as denúncias anônimas e boatos fiquem mais fortes.

O Corinthians já vive este fenômeno e os próprios candidatos estimam que ficará pior até a data do pleito, marcado para 3 de fevereiro.

"Fico triste. A gente fica sabendo do que está acontecendo. Vai ficar pior com o passar do tempo. Não dá para fazer nada. O que vou fazer? Processar todo mundo? Vou gastar mais com advogado do que receber de indenizações em cestas básicas", diz o deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), candidato da situação no Corinthians.

O vice-presidente do clube e aliado de Sanchez, André Luiz de Oliveira, é suspeito de ter recebido R$ 500 mil da Odebrecht. Levado para depor na sede da Polícia Federal, em investigação da Lava Jato, ele negou a propina.

Nos pleitos, há o fenômeno da criação de contas falsas em redes sociais para propagação de denúncias contra os candidatos.

No caso santista, existem quatro nomes que tentam chegar à presidência. No Corinthians, são cinco.

"Esta eleição vai ser sangrenta", constata outro presidenciável corintiano, Romeu Tuma Júnior. Ele denuncia que famílias de atletas da base são pressionadas a fazerem campanhas para chapas.

"Está uma sujeira sem tamanho. Falaram que eu estava nos jogos torcendo contra o Santos, que sou filiado à Camisa 12 [organizada do Corinthians]...", afirma José Carlos Peres, candidato pela segunda vez no Santos por uma chapa de oposição.

IGUAIS

Nos dois clubes, há denúncias em comum. Foram colocadas dúvidas sobre a lista de sócios. No caso do Santos, as chapas encontraram diferentes nomes de votantes com o mesmo número de CPF.

Entre associados do Corinthians circulou áudio do secretário geral Antônio Jorge Rachid Júnior dizendo estar pronto para regularizar a situação de inadimplentes para que possam votar. Ele disse falar em nome do candidato Paulo Garcia.

Qualquer sócio com mensalidades pendentes terá desconto de 50% na taxa para reativar o título, se quitar também o boleto de janeiro.

Sete conselheiros apresentaram nesta semana pedido para que o presidente do conselho deliberativo, Guilherme Strenger, investigue o caso, suspenda os direitos eleitorais dos sócios que foram reativados e impugne a candidatura dos envolvidos.

A eleição no Vasco, realizada em novembro, está na Justiça por causa da urna 7, que teria votos de sócios em situação irregular. Se as cédulas valerem, Eurico Miranda será reeleito presidente. Se isso não acontecer, o vencedor será Julio Brant.

"É errado usar a máquina administrativa para credenciar pessoas como voto de cabresto. Anistia eleitoral é proibida", diz Roberto William, líder da chapa Lava Jato, que tenta vaga no conselho deliberativo. No grupo também estão o ex-jogador Wladimir e o apresentador Raul Gil.

No caso santista, a lista de sócios tem dois mil novos eleitores registrados no período de duas semanas entre o final de novembro e começo de dezembro de 2016, prazo final para que o sócio possa votar neste sábado.

"Não deveria mais haver espaço para práticas baseadas em denúncias falsas, ataques, dossiês e críticas sem fundamento que desviem o foco principal, que é o futuro do clube", opina Nabil Khaznadar, também candidato à presidência do Santos.

Ele é um dos que tentam assumir o cargo que hoje é de Modesto Roma Júnior, que tenta a reeleição. O atual presidente também se queixa de perfis falsos no Facebook que espalham notícias sobre a dívida do clube e a saída de jogadores o fazem ter de parar na rua para prestar esclarecimentos a torcedores. O cartola reclama que os perfis distorcem suas declarações para pintar um quadro negro das finanças do Santos.


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