Folha de S. Paulo


Por Tóquio-2020, COB vai enxugar delegações de Sul-Americano e Pan

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) anunciou às confederações esportivas que, devido às dificuldades financeiras, diminuirá as delegações esportivas para eventos até os Jogos de Tóquio-2020.

Os cortes vão afetar, principalmente, os contingentes que vão aos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba (BOL), entre maio e junho de 2018.

O arrocho também vai impactar o tamanho da equipe nacional na disputa do Pan de Lima, em julho de 2019.

Cabe ao COB organizar e levar as seleções brasileiras a esse tipo de competição.

Nos últimos meses, o comitê distribuiu para cada uma das mais de 30 confederações associadas circulares sobre como deve ser o tamanho de sua delegação para a competição continental na Bolívia.

Em alguns casos, os cortes reduziram equipes pela metade em relação à edição anterior dos Jogos Sul-Americanos, em Santiago, em 2014.

A Folha apurou que a decisão causou insatisfação de confederações e atletas, que já se movimentam para que a diminuição seja revista.

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 13/10/2017; Entrevista com Paulo Wanderley, presidente do COB ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
O presidente do COB, Paulo Wanderley, em entrevista à Folha na sede da entidade, no Rio

Algumas situações serão reavaliadas porque, para certas modalidades, os Jogos Sul-Americanos podem valer vaga para o Pan de Lima-2019.

Ainda assim, a ordem no COB é cortar para priorizar investimentos, de acordo com o retorno que cada competição possa trazer aos atletas de olho nos Jogos de Tóquio.

"A ideia geral é essa, de readequação. Não sabemos qual será o número de representantes, mas, com segurança, será muito menor que em 2014", disse Paulo Wanderley, presidente do COB.

O Brasil enviou ao todo 700 pessoas, das quais 490 atletas, para Santiago-2014.

É preciso sopesar que, na época, Carlos Arthur Nuzman presidia a Odesur (Organização Desportiva Sul-Americana), entidade responsável pelo evento, e o país estava a cerca de 900 dias do início dos Jogos Olímpicos do Rio.

Muito mudou desde então. Nuzman deixou o órgão sul-americano neste ano e renunciou COB em outubro último, depois de ser preso e posteriormente liberado Polícia Federal por suspeita de atuar como "ponte" em esquema de compra de votos para eleger o Rio sede da Olimpíada de 2016.

O cenário se degradou para o comitê olímpico devido à perda de patrocínios privados no último ano. Até a metade de novembro, Wanderley havia implementado uma política de cortes que causou a demissão de 23 pessoas.

Entre os desligados estão Sérgio Lobo (secretário-geral) e Agberto Guimarães (diretor-executivo), que detinham os mais altos salários do órgão.

Com o enxugamento, Wanderley espera uma economia com pessoal que, se de início era de R$ 5 milhões, deve superar os R$ 9,3 milhões/ano.

A redução das delegações entra nessa proposta. O foco será todo voltado para a Olimpíada de Tóquio, que, segundo o presidente do COB, será uma operação "caríssima".

Para poupar para a ida ao Japão, o Pan-2019 também entrará no facão, ainda que de maneira menos incisiva.

Wanderley afirmou que haverá redução no total da delegação, mas a expectativa é preservar os atletas –a redução seria em oficiais, técnicos e profissionais multidisciplinares–, com prioridade para modalidades que podem se classificar para Tóquio-2020, como o tiro esportivo.

Para a edição passada do Pan, em Toronto-2015, o COB gastou cerca de R$ 10 milhões para levar 600 atletas.

"São anos diferentes, cenários diferentes e condições diferentes", disse Wanderley.


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