O zagueiro Pedro Geromel, 32, é um jogador de futebol que foge dos estereótipos. É avesso a carros de luxo, marcas de roupa e é fluente em inglês, alemão e espanhol.
O conhecimento dos idiomas é fruto dos dez anos em que morou na Europa. No continente, atuou em equipes menores de Portugal, Alemanha e Espanha.
O zagueiro já flertou com o empreendedorismo, o que pretende seguir após deixar o futebol. Foi sócio de uma lanchonete com o volante Elias, ex-Corinthians e atualmente no Atlético-MG, além de um restaurante e uma loja com a esposa.
"O Geromel é desprovido de qualquer vaidade. Ele vem de uma família que tem uma percepção do lado empresarial. É muito conservador, muito organizado e já prepara investimentos antes mesmo de encerrar a carreira", disse Rui Costa, ex-executivo do Grêmio e atualmente na Chapecoense, que foi o responsável por contratar o zagueiro no início de 2014.
O empreendedorismo de Geromel está no sangue da família de classe média paulistana. Ele tem o pai e irmão como exemplos de empresário. Ricardo, o irmão, que também tentou a sorte com o futebol, é formado em Administração pela Farleigh Dickinson, em Nova Jersey. Foi analista da Revista Forbes, trabalhou no mercado financeiro e escreveu o livro "Bi.lio.nár.ios" sobre a vida de magnatas.
Em 2014, investiu no Fort Lauderdale Strikers, da Flórida, um dos projetos do ex-jogador Ronaldo, que deixou a sociedade do time no ano passado. Um ano depois, virou dirigente do San Francisco Deltas. Ele ficou no cargo até este mês.
Os dez anos no futebol europeu poderá ser utilizado como experiência para o jogo desta quarta (22), quando o Grêmio enfrenta o Lanús, às 21h45, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, pela ida da final da Copa Libertadores.
Na Europa, jogou no Chaves, Vitória de Guimarães, Colônia e Mallorca.
O primeiro clube foi o Chavez, que disputava a Segunda Divisão do Português. Ele chegou ao time em 2003 convencido pelo amigo Rodrigo Babu. Na época, o tio de Babu era dirigente da equipe.
Ele escolheu se aventurar em Portugal porque era pouco aproveitado no Palmeiras. O zagueiro chegou ao time alviverde indicado pelo volante Elias.
| Lucas Uebel/Gremio FBPA/Divulgação | ||
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| Pedro Geromel durante treino do Grêmio |
Logo depois de atuar pelo Chaves, se transferiu para o Vitória de Guimarães, onde chamou a atenção de Jorge Mendes, agente de Cristiano Ronaldo, e virou um dos clientes do empresário.
Depois de três temporadas, foi para o Colônia e ficou quatro anos até ser emprestado ao Mallorca antes de voltar ao Brasil em 2014.
"Queríamos trazer um zagueiro que fosse o retrato do Grêmio e conseguimos. Na época, porém, me indagaram se era nome de remédio e como trazer um jogador rebaixado pelo Colônia e Mallorca", contou Costa.
O dirigente relembra que o jogador amargou o banco no seu retorno ao país e ficou em alguns jogos fora até de lista de relacionados.
"Mesmo assim, estava sempre no vestiário dando apoio. Ele tem uma capacidade técnica excelente e muito equilíbrio para ser ídolo".
Quem vê hoje o zagueiro ser reverenciado pelas ruas da capital gaúcha não imagina que há quase quatro anos ele nem era reconhecido. Nem o próprio jogador sonhava que um dia entraria em campo para buscar o título mais importante da carreira.
"Praticamente minha carreira foi construída na Europa e eu não tinha essa pretensão de jogar em um grande clube do Brasil, jogar na seleção. O que estou vivendo hoje é como se fosse um sonho, uma satisfação muito grande", disse o camisa número 3, que lembra das críticas que recebeu assim que chegou em Porto Alegre.
"Os meios de comunicação acabaram com minha imagem antes mesmo de eu poder mostrar. Parei de ler jornal e ouvir as rádios", disse.
Agora, ele pode escrever o seu nome na história do Grêmio e repetir o gesto que Hugo De Léon e Adilson Batista fizeram com a camisa do Grêmio na Copa Libertadores.
Os dois zagueiros foram os capitães dos títulos do time gaúcho na Libertadores de 83 e 95, respectivamente.
NA TV
Grêmio x Lanús
21h45 Globo, SporTV e Fox Sports