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Cansado da F-1, pai de Massa diz que não dará palpites no futuro do piloto

Eduardo Knapp/Folhapress
Titônio, pai de Felipe Massa, e a esposa Ana Elena conversam com integrante da Williams em Interlagos
Titônio, pai de Felipe Massa, e a esposa Ana Elena conversam com integrante da Williams em Interlagos

Luiz Antônio Massa, o popular Titônio, é uma figura para lá de conhecida na F-1 ainda que nunca tenha dirigido um carro.

Pai de Felipe Massa, ele o acompanhou durante seus 15 anos na categoria, fez diversas amizades e protagonizou uma cena memorável para o torcedor brasileiro captada em transmissão televisiva que rodou todo o planeta.

Em 2008, em Interlagos, comemorou efusivamente a vitória do filho e o que ele pensava ser o título mundial, ainda pela Ferrari. Nem se deu conta de que naquele exato momento Lewis Hamilton passava Timo Glock e "roubava" a conquista de seu primogênito.

Com a despedida de Felipe da categoria ao fim do atual campeonato, Titônio admite que sentirá falta. Mas também revela um certo cansaço por todo este tempo viajando o mundo e marcando presença em inúmeras provas.

Por ano, ele costuma ir de nove a dez corridas num calendário que conta com 19 atualmente, mas já foi de 21 no ano passado.

"Claro que daqui um tempo vou sentir saudades e tentarei ir a alguma corrida, principalmente aqui em Interlagos. Mas para falar a verdade já estou um pouco cansado do ambiente e das viagens após tanto tempo. Uma hora cansa", disse Titônio em entrevista à Folha.

Para o pai de Massa, o momento mais marcante em todo este tempo acompanhando a F-1 foi a vitória do piloto em Interlagos, em 2006, vestindo um macacão com as cores da bandeira brasileira. O mais dramático, sem dúvidas, o acidente sofrido pelo filho no treino classificatório para o GP da Hungria, em 2009.

Na ocasião, Massa foi atingido na cabeça por uma mola vinda do carro de Rubens Barrichello e depois se chocou fortemente contra a barreira de pneus. Chegou a correr risco de morte, passou por cirurgia e perdeu todo o restante da temporada.

"Este sem dúvida foi um momento muito difícil, pois eu não estava na Hungria. Só sabia o que estava acontecendo por meio do Dudu [seu outro filho]. Tanto que peguei o primeiro avião e no domingo de manhã já estava lá. Foi muito ruim", afirmou.

Titônio se diz feliz e orgulhoso por tudo que Massa fez durante o tempo em que permaneceu na F-1 e vê a sua missão como cumprida, após passagens por Sauber, Ferrari e Williams. Até agora foram 11 vitórias, 41 pódios e um vice-campeonato mundial.

"Ele sai da F-1 com sua missão cumprida totalmente. Foi uma grande carreira, sem dúvidas. Foram vários os momentos importantes", analisou.

O patriarca da família Massa conta também que se tornou famoso, algo que não esperava e também lhe traz alguns problemas.

"Lá fora me conhecem mais do que aqui, para falar a verdade. E fico orgulhoso que seja por causa do que meu filho fez. Aqui no Brasil também me param às vezes, pedem foto, conversam. Mas tem o lado negativo que é a questão da segurança né? Você fica mais visado", disse Titônio, que mora em São Paulo com a esposa e mãe de Felipe, Ana Elena.

Questionado sobre o futuro do filho, Titônio disse não ter ideia do que acontecerá e contou que não dá palpites. O piloto cogita correr na Fórmula E, mas apenas a partir de 2019. Para 2018 não há nada certo.

"Não falo nada, mesmo porque ele sabe bem mais do que eu. Só quero que ele faça o melhor para si, e vá para onde seja competitivo e feliz", disse.

"Como brasileiro, só fico triste de não ter mais ninguém para quem torcer na F-1. E acho que ficaremos sem ninguém não só por um ano, mas por muito mais", completou.

Em 2018 será a primeira temporada da F-1 sem um piloto brasileiro no grid desde 1969.


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