Folha de S. Paulo


Torneios de pontos corridos mostram que virada no Brasileiro é possível

Bruno Ulivieri/Raw Image/Folhapress
Borja completa para o gol durante jogo do Palmeiras contra o Cruzeiro
Borja completa para o gol durante jogo do Palmeiras contra o Cruzeiro

Diego Maradona, em 1988, reuniu os jogadores no túnel do vestiário do estádio San Paolo, em Napoli, para dizer uma frase aos colegas: "Esta é a nossa final de Mundial!"

O Napoli de Maradona, Careca e Alemão perdeu a "decisão" por 3 a 2 para o Milan dos holandeses Gullit, Van Basten e Rijkaard. Resultado que levou a uma virada marcante na história do Italiano.

Era a antepenúltima rodada do campeonato. O Napoli estava um ponto à frente do rival Milan. Diferença que havia caído três pontos em duas semanas, numa época em que as vitórias valiam dois pontos, e não três como hoje.

O Milan passou o Napoli e ganhou o campeonato com quatro pontos de vantagem.

"Não foi excesso de confiança. Isso não aconteceu naquela época. O Milan tinha um grande time e foi melhor naquele momento", resume Careca, o principal parceiro ofensivo de Maradona.

Divulgação/Agência Corinthians
Jô cai na rede após marcar o gol de mão na vitória do Corinthians sobre o Vasco
Jô cai na rede após marcar o gol de mão na vitória do Corinthians sobre o Vasco

A virada ficou marcada porque na década de 1980 o Campeonato Italiano era o mais badalado do mundo.

Como histórica deve ser a "final" do Brasileiro de 2017. O clássico entre Corinthians e Palmeiras, em Itaquera, no domingo (5), pode fazer a diferença que foi de 17 pontos a favor do time alvinegro há 12 rodadas cair para dois, caso o Palmeiras ganhe. Por outro lado, uma vitória corintiana faria a distância aumentar para oito pontos, devolvendo o amplo favoritismo ao título para o time alvinegro.

A possibilidade de uma equipe conseguir vencer tendo contra si uma diferença de 17 pontos dentro do mesmo turno é algo raro no cenário mundial do futebol.

Outro que pode escrever uma história de superação no campeonato é o Santos. Mesmo em crise, o time está a apenas seis pontos do líder.

Editoria de Arte/Folhapress

PELO MUNDO

Outras viradas semelhantes à que o Palmeiras precisa ocorreram, principalmente em campeonatos com muitos times com chances de título.

No caso da Inglaterra, a história do futebol registra uma virada bem inesperada.

Na temporada 2011/2012, o Reading teve um início de campeonato pífio. Na sexta rodada, estava na 23ª posição, na zona do rebaixamento da segunda divisão inglesa. Após 17 vitórias em 23 partidas o time ganhou o campeonato e subiu para a primeira divisão nacional.

Ainda na Inglaterra, outras duas reviravoltas ocorreram com grandes times do país.

Em 1996, o Manchester United, de Alex Ferguson, reverteu uma diferença de 12 pontos sobre o Newcastle para ganhar o troféu. A equipe de Manchester tirou a vantagem ao ganhar 13 das últimas 15 partidas da competição.

O próprio campeão de 1996 sofreria uma virada dois anos depois. O Arsenal, da Arsène Wenger, entrou na parte final da competição 12 pontos atrás do líder Manchester United. O time de Londres ficou com o título de 1998 com duas rodadas de antecedência.

Em 2004, na Espanha, o Valencia conseguiu desbancar Real Madrid e Barcelona.

A equipe, então dirigida por Rafa Benítez, tinha oito pontos de desvantagem para o Real. Após arrancada, o Valencia ficou com o título.

Viradas semelhantes à que o Palmeiras busca no momento ocorreram também no Brasil. Em 2009, o Flamengo tirou seis pontos de diferença para o líder Palmeiras em seis rodadas.

"Nós gostamos de antecipar, mas o futebol é imprevisível. Há muitos casos [de viradas] nos pontos corridos", diz Ronaldo Angelim, autor do gol que definiu a maior virada do Brasileiro por pontos corridos (até agora).


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