Folha de S. Paulo


COB exclui Pan como condição para dividir verba pública e irrita cartolas

Wander Roberto/COB
ORG XMIT: 102501_0.tif Tiro - Jogos Olímpicos da Juventude, 2010: o atleta brasileiro Felipe Wu compete para conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura. *** Data: 24/8/2010Crédito: Wander Roberto/Divulgação/COB Legenda: Cingapura - (24/08/2010) - Jogos Olómpicos da Juventude 2010 - Tiro Esportivo.O atleta brasileiro Felipe Wu ganhou a medalha de prata na prova da Pistola 10m.' Wander Roberto/COBN® da foto: 19324 *** PROIBIDA A PUBLICAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS ***
O atleta brasileiro Felipe Wu, que conquistou uma medalha de prata na Rio-2016

Além da instabilidade institucional em razão da renúncia de Carlos Arthur Nuzman, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) terá de lidar com um descontentamento de confederações pequenas em relação ao repasse da Lei Piva.

O comitê definiu que, para 2018, não vai mais computar conquistas em Jogos Pan-Americanos na pontuação cuja somatória define quanto cada entidade esportiva receberá na temporada, o que tem irritado líderes de esportes de menor expressão.

A comunicação dos novos critérios foi feita no final de setembro, em reunião na sede do comitê, no Rio. Naquela época, Nuzman ainda estava à frente da entidade.

O comitê recebeu, em 2017, R$ 210 milhões via Lei Piva para dividir entre confederações e outras rubricas.

Na distribuição, por exemplo, deu um ponto para cada entidade por medalha de ouro obtida no Pan de Toronto, no Canadá, há dois anos.

Parece pouco, mas o item tinha peso importante para modalidades de menor expressão na luta por recursos.

Agora, as prioridades do COB ao fatiar os recursos, que advêm da arrecadação bruta das loterias federais, serão resultados em Jogos Olímpicos, Mundiais e Mundiais sub-20.

O tiro esportivo, que nos Jogos do Rio saiu com uma medalha de prata de Felipe Wu, teve três ouros em Toronto.

Segundo o presidente da confederação nacional, Durval Balen, a retirada do Pan como critério tende a afetar o panorama financeiro.

"Minha posição foi de imediata contrariedade. O Pan é o segundo evento em importância para o Brasil. No caso do tiro ainda mais, porque distribui vagas olímpicas. E agora vão tirá-lo?", indagou.

Balen lembrou que a verba da Lei Piva é vital para sua confederação, que não tem patrocínio privado. "Eu considero essa decisão do COB um erro gravíssimo", disse.

O dirigente afirmou que terá uma reunião de planejamento em novembro com o comitê para tentar reverter a situação. O tiro esportivo tinha previsão de levar até R$ 2,6 milhões da verba no ano.

Esportes com medalhas de ouro no Pan-2015 e que não tiveram conquistas olímpicas ou mundiais recentes são o tênis de mesa, o levantamento de peso e o basquete.

O badminton não foi ao topo do pódio em Toronto, mas obteve uma campanha positiva, com três medalhas: duas pratas e um bronze.

A intenção da confederação era subir de patamar no Pan de 2019, em Lima, e alicerçar com esses resultados uma inserção entre a elite do esporte nacional.

"Foi um baque o COB ter tirado o Pan. Estou temeroso, porque no longo prazo vai afetar", disse José Roberto Santini, superintendente da confederação de badminton, que poderia receber até R$ 2,2 milhões da Lei Piva em 2017.

"Em quem tem chance de medalha, o COB investe. E quem nunca ganhou, nunca vai ganhar", observou.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que a intenção de sacar os Jogos Pan-Americanos como parâmetro de distribuição do dinheiro da Lei Piva foi de fato apresentada, mas ainda existem cláusulas em aberto.

Haverá definição em relação aos novos parâmetros até o final do ano.

Ou seja, não estariam descartadas análises caso a caso, de acordo com a importância do resultado obtido em um Pan e do potencial de uma determinada modalidade.

Porém, o comitê enfatizou que vai seguir a linha de priorizar os desempenhos obtidos em Jogos Olímpicos e em Campeonatos Mundiais.

Um item novo adicionado para 2018 são os resultados obtidos em Mundiais de jovens abaixo de 20 anos.

A direção técnica da entidade entende que é mais interessante apostar em confederações com bons resultados entre esportistas de base com vistas aos Jogos Olímpicos de Tóquio, que ocorrerão em 2020, Paris, em 2024, e Los Angeles, em 2028.

Nas últimas duas edições olímpicas o COB investiu em levar talentos com 20 anos ou menos, não classificados, para experimentar o ambiente do evento. Alguns tornaram-se medalhistas, como Thiago Braz, Martine Grael, Felipe Wu e Isaquias Queiroz.

Como foi para 2017
³ Ter medalhista nos últimos Jogos Olímpicos
³ Ter medalhista nas últimas três Olimpíadas
³ Ter finalista nas últimas três Olimpíadas
³ Ter participado das três últimas Olimpíadas
³ Ter um medalhista em Mundiais ou equivalentes
³ Ter um finalista em Mundiais ou equivalentes
³ Ter um medalhista de ouro no último Pan
³ Índice de efetividade (número de medalhas conquistadas x número de medalhas possível)
³ Índice do número de eventos em Jogos Olímpicos
³ Gestão financeira

Como será em 2018
³ Ouro no Pan deixa de ser um parâmetro
³ Aumenta o peso de ter medalhistas e finalistas em Olimpíadas, Mundiais ou equivalentes
³ Mundiais sub-20 passam a ser pontuados


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