Folha de S. Paulo


Retorno de Vadão surpreende clubes femininos do Brasil

Rafael Ribeiro/CBF
O técnico Vadão conversa com Poliana durante jogo da Copa América-2014
O técnico Vadão conversa com Poliana durante jogo da Copa América-2014

O retorno do técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, 61, para comandar a seleção brasileira feminina de futebol surpreendeu dirigentes dos principais clubes do país.

O treinador foi anunciado nesta segunda-feira (25) após uma reunião com o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, e com o coordenador técnico da modalidade, Marco Aurélio Cunha. Vadão chega para substituir Emily Lima, 36, demitida na última sexta-feira (22). Ele tinha deixado o cargo há onze meses, em novembro do ano passado, após ser demitido por Del Nero.

"Não entendo a política que foi usada pela CBF para definir a demissão da Emily e a contratação do Vadão, que já havia sido demitido em novembro", disse Doroteia Oliveira, diretora de futebol do Rio Preto, terceiro colocado no último Campeonato Brasileiro feminino.

João Amarildo, presidente do Iranduba, clube amazonense que terminou na quarta posição no Nacional, também critica a mudança. "É muito estranha a forma como ela foi demitida sem disputar uma competição oficial assim como é estranha a contratação do Vadão. Ficamos sem entender o que a CBF quer", afirmou.

"A contratação é um retrocesso. Você demite um técnico da seleção brasileira e menos de um anos depois contrata novamente", disse um dirigente, que não quis se identificar.

Já o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, afirmou que o ideal era a contratação de uma treinadora estrangeira. A equipe alvinegra é a atual campeã nacional.

"Com a contratação do Vadão viramos 360º, mas o ideal era 180º", afirmou.

De acordo com Cunha, a contratação de uma técnica estrangeira foi estudada pela CBF, mas o presidente "ainda vê interessante priorizar o futebol brasileiro".

A primeira passagem de Vadão pela seleção durou 30 meses. No período, o time foi eliminado nas oitavas de final do Mundial de 2015 e terminou a Olimpíada do Rio na quarta colocação.

Assim que deixou a seleção brasileira, Vadão ficou cinco meses sem clube. Retornou ao futebol masculino no final de março para dirigir o Guarani na reta final da Série A2 do Paulista. O time caiu na primeira fase, sem conseguir o acesso à elite do Estadual.

Na Série B do Brasileiro, dirigiu a equipe de Campinas até o final de agosto, quando foi demitido –deixou o Guarani na oitava colocação.

Vadão vai fazer sua estreia em outubro em um torneio amistoso na China.

APOIO A EMILY

A ex-técnica da seleção Emily Lima ganhou apoio das jogadoras da equipe, depois de ser demitida na sexta.

Uma carta assinada por 24 atletas foi entregue ao coordenador da seleção brasileira feminina de futebol, Marco Aurélio Cunha, pedindo a permanência da treinadora.

O movimento foi liderado pela lateral Rosana e pela atacante Cristiane.

A carta chegou a ser entregue para Marco Polo Del Nero, mas não foi o suficiente para demovê-lo da ideia.

Em dez meses no cargo, Emily obteve sete vitórias, um empate e cinco derrotas, aproveitamento de 56,4%.

Já Vadão, que dirigiu a seleção brasileira durante 30 meses, conseguiu 30 vitórias, dez empates e 12 derrotas em jogos oficiais. Assim, obteve 64,1% dos pontos disputados.


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