Folha de S. Paulo


Primeira mulher a comandar seleção feminina, Emily é demitida pela CBF

Menos de um ano após assumir o comando da seleção feminina de futebol, a técnica Emily Lima, 36, foi demitida do cargo nesta sexta-feira (22). A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não divulgou o motivo da demissão.

A decisão aconteceu menos de 24 horas após a equipe retornar ao país. Nos últimos dias, o time perdeu dois jogos para a Austrália

A demissão da treinadora já era prevista na CBF após a segunda partida, realizada no último dia 19. Tanto é que um grupo de jogadoras elaborou uma carta para que a técnica fosse mantida no comando. A carta foi entregue para o coordenador técnico da seleção feminina, Marco Aurélio Cunha, para que fosse repassada ao presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.

A Folha apurou, no entanto, que a decisão pela no comando já havia sido decidida pelo presidente da confederação.

O mandatário foi o principal entusiasta da contratação da treinadora há um ano. Na oportunidade, ele chegou a consultar outros dirigentes da entidade, que não eram favoráveis a mudança.

Del Nero contratou Emily logo após anunciar a demissão de Vadão, que comandou a seleção brasileira feminina quarta colocada na Olimpíada do Rio.

Emily Lima foi a primeira mulher a comandar uma seleção brasileira na categoria principal —em 2013, dirigiu as categorias sub-15 e sub-17.

Ela foi chamada para dirigir o time brasileiro após levar o seu ex-clube, o São José, a conquista do vice-campeonato da Copa do Brasil Feminina-2016.

A treinadora teve um começo empolgante na seleção brasileira e emplacou sete vitórias consecutivas no cargo. Nas últimas seis partidas, porém, empatou uma vez e perdeu cinco: uma para a Alemanha, outra para os Estados Unidos e três em sequência para a Austrália.

"A justificativa da demissão já é conhecida por todos técnicos e técnicas do Brasil, os números. Na minha cabeça para evoluir é essencial atuar contra seleções mais fortes. Foi o que fiz. Foram 7 vitórias, 1 empate e 5 derrotas. Inclusive, não perdi para países abaixo do Brasil no ranking da Fifa. Seria péssimo. Isso não aconteceu no meu comando. Saio com o sentimento de dever cumprido", disse Emily Lima, que alega não ter tido respaldo de Cunha.

"Trabalhamos muito para colocar em prática o futebol moderno e atualizado. Nosso trabalho é sério e diário. Um time só vai para a frente unido e infelizmente eu não tinha o respaldo do coordenador técnico. Meu jeito de trabalhar intensamente não era bem visto", postou ela em um comunicado na sua página no Facebook.

Cunha não quis se pronunciar sobre a crítica. Ele terá uma reunião com Del Nero na próxima segunda-feira para analisar o que será feito.

A reportagem apurou que dois nomes são cogitados para assumir a seleção brasileira. O próprio Vadão, que recentemente deixou o Guarani, e Caio Couto Gonçalves, que dirige o Santos.

Há dois meses, Caio conquistou o título do Campeonato Brasileiro. O Santos está na semifinal da edição deste ano do Campeonato Paulista.

A seleção brasileira feminina volta a campo em meados de outubro, quando disputa um torneio na China.


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