Folha de S. Paulo


Comissão de Ética que apreciará caso Nuzman é questionada dentro do COI

Mosa'ab Elshamy/Associated Press
United Nations Secretary-General Ban Ki-moon speaks during the opening session of the U.N. climate conference in Marrakech, Morocco, Tuesday, Nov. 15, 2016. United Nations Secretary-General Ban Ki-moon says he hopes Donald Trump will shift course on global warming and
Ban Ki-moon foi secretário-geral da ONU por 9 anos e agora chefia comissão do COI

Em meio às crises de compra de votos e doping, o COI (Comitê Olímpico Internacional) nomeou nesta quinta-feira (14) o novo chefe de sua comissão de ética: Ban Ki-moon, 73, secretário-geral da ONU entre 2007 e 2016.

O órgão quer se valer da reputação do diplomata sul-coreano como resposta às críticas que tem recebido ao lidar com os problemas atuais.

A divisão que o asiático vai liderar estará encarregada de apreciar o caso de Carlos Arthur Nuzman, 75, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e do comitê organizador da Rio-2016.

Membro honorário do COI e integrante da comissão e coordenação dos Jogos de Tóquio-2020, Nuzman é alvo de uma investigação da Polícia Federal brasileira e de procuradores franceses. As suspeitas são de que tenha atuado como elo em esquema de compra de votos para eleger o Rio como sede olímpica –seus advogados negam.

Antes de Ban começar a atuar, porém, a comissão que dirigirá foi objeto de questionamentos pelos próprios integrantes do COI. Nesta quinta, durante a sessão do comitê em Lima, ao menos dois integrantes –Adam Pengilly, britânico, e Richard Peterkin, de Santa Lucia–, expressaram incômodo com o fato de a comissão de ética contar com membros da entidade. Ainda pediram que o sul-coreano obrigue o comitê a adotar conduta mais transparente em relação às suas contas.

Embora seu funcionamento se proponha independente do COI, a Comissão de Ética tem entre seus nove componentes quatro membros do comitê olímpico, além de cinco representantes exteriores. Os críticos dizem que seria mais adequado que todos os integrantes viessem de fora.

Além de Ban, foram eleitos ou reeleitos mais quatro nomes da comissão, que terão mandato de quatro anos. Deles, dois são independentes –o advogado Samuel Schmidt e o juiz Hanqin Xue.

Criada em 1999, a comissão de ética vai monitorar o andamento da investigação contra Nuzman e fazer contato com autoridades brasileiras para tomar ciência da situação. Uma vez que haja prova do envolvimento do cartola brasileiro na compra de votos, ela pode deliberar por afastá-lo ou até mesmo expulsá-lo da entidade.

É a comissão, por exemplo, que tem lidado com o caso de outro membro do COI suspeito de receber propina, o namibiano Frank Fredericks.

Em rápido contato com a imprensa nesta quinta, Ban foi evasivo e demonstrou pouca intimidade quando indagado sobre como tratará a questão da compra de votos que envolve Nuzman.

"Como novo chefe de ética do COI terei a chance de apreciar este caso", disse. "O importante é trabalhar em proximidade com membros do COI e de federações internacionais para que reconquistemos a confiança geral. Farei meu melhor pela transparência desta organização."


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