Folha de S. Paulo


Delator diz que ex-presidente da confederação de vôlei recebeu propina

Zo Guimaraes - 13.jun.2016/Folhapress
Ary Graça, ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei
Ary Graça, ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei

O empresário Marcos Valério, preso desde 2013 em Sete Lagoas (MG), afirmou em delação que o ex-presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, desviou parte do dinheiro de patrocínio do Banco do Brasil que deveria ir integralmente para a entidade desportiva que ele dirigia. A informação foi publicada pela agência de jornalismo investigativo Sportlight.

A revelação consta do processo de colaboração premiada de Marcos Valério, condenado a 37,5 anos de prisão por peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e pelo crime contra o sistema financeiro.

As transações, segundo o delator, envolvia o ex-dirigente do vôlei brasileiro, atual presidente da Federação Internacional de Vôlei, e diretores do banco que patrocinava a confederação.

De acordo com Valério, o dinheiro que saia da verba de patrocínio ia para Ary Graça por meio de caixa 2.

No "anexo 39" do registro da delação, o empresário preso conta como era feita a entrega da propina após Henrique Pizzolato, preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, assumir uma das diretorias do Banco do Brasil.

De acordo com Valério, mesmo antes da chegada do novo diretor, a agência dele havia feito negócio tanto com o banco quanto com a CBV.

A colaboração feita à Polícia Federal do empresário mineiro, que cita as operações que ficaram conhecidas como o "mensalão mineiro", que envolve ações protagonizadas por Aécio Neves e Eduardo Azeredo, não foi aceita pelo Ministério Público de Minas Gerais em 2016.

Lula Marques - 6.jul.2005/Folhapress
Marcos Valério durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios

A Polícia Federal é quem confirmou a delação. O Supremo Tribunal Federal ainda precisa aprovar se a PF pode homologar a colaboração premiada.

O ex-dirigente Ary Graça, por meio de sua assessoria, afirma que não recebeu qualquer pagamento advindo do contrato de patrocínio da CBV com o Banco do Brasil.

Segundo ele, jamais ocorreu um benefício por repasse de dinheiro de caixa 2 ou de qualquer outra forma, como em dinheiro vivo, como teria especulado Marcos Valério com base em terceiros.

O advogado de defesa de Marcos Valério não comentou a delação de seu cliente.


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