Folha de S. Paulo


Operação deve impedir ida de Nuzman a sessão do COI neste mês, em Lima

Ricardo Moraes/Reuters
Brazilian Olympic Committee (COB) President Carlos Arthur Nuzman (C) arrives to Federal Police headquarters in Rio de Janeiro, Brazil September 5, 2017. REUTERS/Ricardo Moraes
Carlos Arthur Nuzman chega à sede da Polícia Federal, no Rio, para prestar depoimento

A Operação Unfair Play, deflagrada na manhã desta terça-feira (5), deve impedir que o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, compareça a uma sessão do COI (Comitê Olímpico Internacional) marcada para a próxima semana, em Lima (Peru).

O COI realiza a 131ª sessão na cidade peruana para oficializar Paris e Los Angeles como sede dos Jogos de 2024 e 2028.

A decisão do juiz Marcelo Bretas proíbe que o dirigente olímpico não deixe o país. A Polícia Federal apreendeu passaportes de Nuzman, sendo um diplomático e outro, russo.

O dirigente é investigado no esquema de compra de votos para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016. Ele foi intimado a depor nesta terça.

Nuzman é, desde 2012, membro honorário do COI, o que lhe dá assento nas sessões da entidade, embora sem direito a voto. As regras do comitê impõem um limite até 70 anos para os integrantes votantes.

Uma das missões no encontro era tentar viabilizar ajuda do COI para quitar o déficit do comitê organizador da Rio-16 que gira em torno de R$ 110 milhões. O relatório final dos Jogos, que usualmente é entregue um ano após o evento, não será apresentado.

As sessões do COI são realizadas anualmente pela entidade e têm como função, fundamentalmente, referendar decisões importantes da entidade. Em 2009, por exemplo, foi em uma sessão que o COI escolheu o Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de Verão.

Para a Procuradoria, Nuzman foi o elo de contato para a compra do voto de Lamine Diack, presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo, por meio de seu filho, Papa Massata Diack, que recebeu US$ 2 milhões do empresário Arthur Soares, com a anuência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

"Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também da Rio 2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares", diz a MPF.

O advogado do dirigente, Sérgio Mazzillo, afirmou que Nuzman não intermediou a compra de votos. Ele classificou a operação como "espetáculo midiático".


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