Folha de S. Paulo


COI diz ter o 'mais alto interesse' em esclarecer suspeita de compra de votos

Ricardo Moraes/Reuters
Brazilian Olympic Committee (COB) President Carlos Arthur Nuzman (C) arrives to Federal Police headquarters in Rio de Janeiro, Brazil September 5, 2017. REUTERS/Ricardo Moraes
Carlos Arthur Nuzman chega à sede da Polícia Federal no Rio para prestar depoimento nesta terça (5)

O COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou que está a par da operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (5) que tem Carlos Arthur Nuzman como um dos alvos e tem feito "todo o esforço possível" para obter mais informações e, então, considerar quais medidas tomará.

Em sua petição para realizar a operação, a procuradoria afirma que "há fortes indícios de que Carlos Arthur Nuzman teve participação direta nos atos de compra de votos para membros do COI na escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e no repasse da vantagem indevida (propina) destinada a Sérgio Cabral e em enviada diretamente a Papa Massata Diack, por meio de Arthur Soares".

A entidade, que é baseada em Lausanne, na Suíça, disse ter "total interesse" no esclarecimento desse assunto.

"O COI soube destas circunstâncias [da operação] por meio da imprensa e está fazendo todo o esforço possível para obter o máximo de informações. É do mais alto interesse do COI esclarecer este assunto", disse o comitê, por meio de nota.

"Permanece do mais alto interesse do COI proteger a integridade dos processos de candidatura e sancionar quaisquer irregularidades neles."

Operação Unfair Play
Polícia Federal investiga compra de votos para escolha do Rio como sede olímpica

A investigação da PF fez com que o juiz Marcelo Bretas autorizasse intimação para depoimento de Nuzman, que ocorrerá nesta terça.

As autoridades investigam a atuação do empresário Arthur de Menezes Soares, conhecido como "Rei Arthur", suspeito de ter auxiliado na compra de votos de membros do COI para a escolha do Rio como sede da Olimpíada, em 2009.

Nuzman foi membro do COI por 12 anos, entre 2000 e 2012, e desde 2013 ocupa posição de membro honorário da entidade –sem direito a voto em eleições de cidade-sede de Jogos Olímpicos, por exemplo.

Porém, ele ainda continua ativo em ações do comitê. Desde abril, a convite do presidente do COI, o alemão Thomas Bach, Nuzman integra a comissão de coordenação dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

Também fazem parte da comissão o ex-presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), Andrew Parsons, e o mandatário da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), Sebastian Coe, entre outros.

Recentemente, Nuzman deixou o comando de outra entidade que comandava, a Odesur (Organização Desportiva Sul-Americana), cuja principal atribuição é realizar os Jogos Sul-Americanos. Ele a comandava desde 2003.

Em abril, o cartola sofreu um revés ao perder a eleição para a presidência da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), para a qual era tido como favorito. O eleito para comandá-la foi o chileno Neven Ilic.

OUTRO LADO

O advogado que representa Nuzman, Sérgio Mazzillo, afirmou que seu cliente não cometeu ilegalidades e que o processo de disputa a sede das Olimpíadas não contou com compra de votos.

Ele alegou que ainda não teve acesso aos autos do processo e que não faria mais comentários.

"Não há fortes indícios de nada. Ele [Nuzman] falou que não atuou de maneira nenhuma irregular. Nada de errado foi feito na campanha. Nenhuma ilegalidade foi cometida pelo meu cliente. As explicações serão dadas", disse.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) afirmou que está a par da operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (5) que tem Carlos Arthur Nuzman como um dos alvos e tem feito "todo o esforço possível" para obter mais informações e, então, considerar quais medidas tomará.

"O COI soube destas circunstâncias [da operação] por meio da imprensa e está fazendo todo o esforço possível para obter o máximo de informações. É do mais alto interesse do COI esclarecer este assunto", disse o comitê, por meio de nota.

Reprodução
 Dono do Grupo Facility, o empresário Arthur Cesar Menezes Soares Filho é investigado por procuradores da Operação Calicute, o braço fluminense da Operação Lava Jato.
O empresário Arthur Menezes de Soares, investigado pela Lava Jato no Rio, foi preso nesta terça (5)

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